O tratamento restaurador atraumático (ART, na sigla em inglês)
dispensa o “motorzinho” (caneta de alta rotação usada na restauração de dentes
cariados) ocupa, cada vez mais, um lugar de destaque nos consultórios dos dentistas.
Desenvolvido na década de 90 para ser usado predominantemente em comunidades
onde água e eletricidade são escassas, o método de baixo custo e técnicas
manuais passou a ser recomendado para pacientes de diversas partes do mundo,
especialmente crianças, idosos e pessoas com histórico de trauma ou com
necessidades especiais.
Um dos maiores divulgadores da técnica, o professor holandês Jo
Frencken, chega ao Brasil para o 32° Congresso Internacional de Odontologia de
São Paulo, promovido pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas entre
30 de janeiro e 2 de fevereiro. Membro do Comitê Mundial de Desenvolvimento
Dental e Promoção da Saúde, Frencken afirma que o objetivo do tratamento
restaurador atraumático é adotar uma abordagem amigável, que não provoque medo
nem ansiedade nos pacientes. Por isso a opção por dispensar a anestesia, desde
que as lesões de cárie sejam pequenas.
Para realizar o ART são necessários instrumentos manuais
apropriados para técnica e um ionômero de vidro de boa qualidade, que apresente
alta viscosidade, segundo o coordenador científico do Congresso Internacional
de Odontologia de São Paulo da edição de 2014, Andre Callegari. O ionômero de
vidro é biocompatível e possui flúor na sua composição. Com liberação contínua
do flúor, o material atua também na prevenção de futuras lesões cariosas. O
professor da Universidade Federal de Juiz de Fora Marcos Alex Mendes da Silva
ressalta a importância do selamento com material restaurador específico, feito
após a remoção da lesão e que impede a progressão da cárie.
O tratamento restaurador atraumático pode ser utilizado tanto em
serviços públicos quanto particulares. A técnica é indicada nos casos de
pequenas lesões de cárie e para situações em que as mãos do cirurgião-dentista
têm livre acesso para realizar o tratamento. O método é desaconselhado quando
há abcesso próximo ao dente cariado ou quando a polpa do dente está exposta.
Fonte: Jornal Correio
do Brasil