Ex-exilados
brasileiros prestaram depoimento a subcomissão do Senado. Ex-preso classificou
consulado brasileiro no Chile de 'covil de torturadores'.
A Subcomissão da Verdade e Justiça do Senado ouviu
nesta segunda-feira (14) relatos de ex-exilados brasileiros que, na década de
1970, foram detidos pela ditadura chilena e dizem ter sofrido abusos de agentes
enviados pelo Brasil para ensinar técnicas de interrogatório e tortura ao
governo Augusto Pinochet.
O colegiado, ligado à Comissão de Direitos Humanos
do Senado, tenta identificar os militares que teriam participado das sessões de
tortura no Estádio Nacional de Chile, local usado como campo de concentração de
presos políticos.
O presidente da subcomissão, senador João
Capiberibe (PSB-AP), afirmou que os depoimentos serão encaminhados para a
Comissão Nacional da Verdade, do governo federal, para que sejam incluídos no
documento quer reunirá o resultado das investigações de supostas violações dos
direitos humanos ocorridas na ditadura militar.
“Esses depoimentos são importantes. Vamos
encaminhar à Comissão Nacional da Verdade para que eles possam integrá-los no
relatório final. Não dá para empurrar as coisas para debaixo do tapete”, disse
Capiberibe.
Escola de tortura – O ex-preso político brasileiro Tomás Tarquinio
afirmou aos integrantes da subcomissão que o Brasil foi o único país que enviou
integrantes da polícia política e equipamentos para ensinar aos militares
chilenos técnicas de interrogatório e de tortura. “Somente o Brasil teve
esse papel de enviar policiais brasileiros para ensinar como se interrogar e
torturar os presos. Eles levavam equipamentos para torturar pessoas porque lá
não tinha”, relembrou Tarquinio.
Ainda de acordo com o ex-preso, ele foi interrogado
e agredido por militares brasileiros que buscavam informações sobre a
associação que recebia refugiados do Brasil no Chile. “Eu fui interrogado
e esbofeteado por policiais brasileiros [...] Eles gostariam de saber sobre uma
associação de exilados no Chile que dava auxílio aos que fugiam do Brasil”,
contou.
Outro ex-preso político, Ubiramar Peixoto de
Oliveira, disse que o consulado brasileiro no Chile era um “antro e covil de
torturadores brasileiros”. Segundo ele, funcionários do consulado repassavam
informações sobre os exilados brasileiros aos militares. “O Consulado
brasileiro no Chile era um antro e covil de torturadores brasileiros.
Torturadores ficavam de plantão”.
Fonte: Portal Café História