Ícone do cenário cultural
brasileiro, a bailarina Mercedes
Baptista morreu
na noite desta segunda, 18, no Rio. A informação foi confirmada por Olivier Luciano,
o Pelé, – como é conhecido no meio do samba carioca –, presidente
da Acadêmicos do Cubango,
pela qual em 2008, a bailarina foi homenageada sob o enredo “Mercedes Baptista:
de passo a passo, um passo”. Sua história de luta e superação também foi tema
do livro “Mercedes Baptista – A criação da identidade negra na dança”, do
escritor Paulo Melgaço. Ainda não se sabe a causa da morte da artista.
Sobre Mercedes Baptista: Mercedes Baptista nasceu
em 1921, no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Ainda jovem,
mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, exercendo diversas atividades
profissionais. Trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéus e como não podia
fugir a regra de grande parte das meninas negras de seu tempo, foi empregada
doméstica. Trabalhou, também, em bilheteria de cinema; quando podia, assistia
aos filmes; neste período acalentava o sonho dos palcos. Mobilizada por
realizar seu sonho, começou a dedicar-se a dança.
As primeiras lições de
ballet clássico vieram em 1945. Três anos depois, ela decidiu participar do
concurso para o ingresso no Corpo de Baile do Theatro Municipal. Ao longo
de sua carreira, sentiu na pele a discriminação que a afastava dos palcos. Sua
formação na companhia e escola de dança Katherine Dunham certamente definiu os
rumos do trabalho que desenvolveu no Brasil e que a coloca como a principal
precursora da dança afro-brasileira.
Na
década de 1960, Mercedes uniu sua formação erudita com a valorização da cultura
negra, lançando o balé afro. Desbravadora, artista, foi além e junto com os
carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, introduziu a dança
clássica no desfile da escola de samba Salgueiro, do Rio de Janeiro, em 1963.
Mercedes
Baptista foi a coreógrafa da Comissão de Frente, que dançou o minueto, num
cenário composto com a igreja da Candelária ao fundo. O Salgueiro ganhou o
Carnaval, com um desfile que se tornou referência, influenciando e mudando o
rumo dos desfiles das escolas de samba
O
trabalho de Mercedes Baptista foi fundamental para dar uma guinada na dança
afro-brasileira. Sua entrada para o Corpo de Baile do Municipal foi cercada de
mistério e preconceito, em 1948.
Segundo
Mercedes, a seleção consistia em cinco etapas. No dia da última prova para
mulheres, ela não foi avisada. Chorou e depois ficou sabendo que iria disputar
com os homens. Como tinha facilidade para saltar, a prova não foi difícil e ela
conseguiu entrar.
Fonte:
Portal Brasil Cultura