terça-feira, 2 de setembro de 2014

O SURUBIM FESTIVO

Na última quinta-feira, 28, juntei os trapos e uma bolsa de livros, carrego-a sempre no porta-malas do carro para ler em algum lugar possível, e com a esposa viajei para Desterro, para participar de festa na zona rural, Sítio Surubim, onde se reuniria grande parte da família Amorim, na antiga casa de morada do ex-vereador e agropecuarista José (Pité) Vieira de Amorim, já habitando a morada celestial há alguns anos.

Apesar de saber do sofrimento dos paraibanos, principalmente aqueles residentes no Sertão e Cariri, fiquei surpreso quando pude ver ao vivo a situação da terra completamente seca, açudes e barreiros sem um pingo d’água para servir ao homem e aos animais, principalmente. Alguns desses reservatórios produzidos pela mão humana, de tão secos, nem parecem ter um dia se prestado a armazenar água. E durante as festanças, me dizia o vereador Édson Augusto (PSDB), de Itapetim-PE, que por vezes não queria acreditar no que diziam camponeses daquelas bandas que “ainda estava bom porque tinha um pastinho”. E realmente, não há quem possa acreditar que os bichos – os pouquíssimos que a gente encontrou –, por ali ainda conseguem comer alguma coisa. O solo é seco e a poeira incessante. A vegetação é apenas aquela típica da área, nada mais que isso.

Muitos moradores já se mudaram há tempos para a cidade, por não suportarem mais viver sob sol tão inclemente e que não permite produção alguma. Um dos participantes da gesta de família afirmava que galão d’água por ali nunca mais se pode ver. Era apenas uma lata e olhe lá.

A água na cidade está racionada, sendo liberada duas vezes por semana e os carros pipas são frequentes, procurando cobrir todos os recantos, indo buscar o precioso líquido muito distante dali, e assim tentam suprir as necessidades básicas da população muito sofrida.

O açude de Taperoá, por exemplo, me parece que construído no governo de Wilson Braga (1983-1986), que era enorme e enchia os olhos de quem visitava lugares naquelas imediações, há anos está vazio e não pode por isso mesmo servir a população residente e muito menos ceder o precioso líquido a outros municípios da área.

A seca é inclemente e impiedosa e não escolhe cara; Há receio por parte dos homens experientes do campo de que venha a se prolongar pelo próximo ano de 2015. Isso se escuta em cada município daquela região. É um medo só.

Apesar de todo esse sofrimento, vê-se uma população crente em Deus, sem blasfemar por um instante sequer e esperando pacientemente por uma solução Divina, porque se sente explorada e enganada pelos governantes. Em cada rosto se divisa esperança, fé e muita paciência.


Foi um dia de festa rural em plena seca. A alegria da família Amorim foi invadida pela grande oração proferida ardentemente por todos os presentes sob o frondoso umbuzeiro, agradecendo ao Superior mais um grande encontro familiar.