Na última
quinta-feira, 28, juntei os trapos e uma bolsa de livros, carrego-a sempre no porta-malas
do carro para ler em algum lugar possível, e com a esposa viajei para Desterro,
para participar de festa na zona rural, Sítio Surubim, onde se reuniria grande
parte da família Amorim, na antiga casa de morada do ex-vereador e
agropecuarista José (Pité) Vieira de Amorim, já habitando a morada celestial há
alguns anos.
Apesar de saber do
sofrimento dos paraibanos, principalmente aqueles residentes no Sertão e
Cariri, fiquei surpreso quando pude ver ao vivo a situação da terra
completamente seca, açudes e barreiros sem um pingo d’água para servir ao homem
e aos animais, principalmente. Alguns desses reservatórios produzidos pela mão
humana, de tão secos, nem parecem ter um dia se prestado a armazenar água. E
durante as festanças, me dizia o vereador Édson Augusto (PSDB), de Itapetim-PE,
que por vezes não queria acreditar no que diziam camponeses daquelas bandas que
“ainda estava bom porque tinha um pastinho”. E realmente, não há quem possa
acreditar que os bichos – os pouquíssimos que a gente encontrou –, por ali
ainda conseguem comer alguma coisa. O solo é seco e a poeira incessante. A
vegetação é apenas aquela típica da área, nada mais que isso.
Muitos moradores já
se mudaram há tempos para a cidade, por não suportarem mais viver sob sol tão
inclemente e que não permite produção alguma. Um dos participantes da gesta de
família afirmava que galão d’água por ali nunca mais se pode ver. Era apenas
uma lata e olhe lá.
A água na cidade está
racionada, sendo liberada duas vezes por semana e os carros pipas são
frequentes, procurando cobrir todos os recantos, indo buscar o precioso líquido
muito distante dali, e assim tentam suprir as necessidades básicas da população
muito sofrida.
O açude de Taperoá,
por exemplo, me parece que construído no governo de Wilson Braga (1983-1986), que
era enorme e enchia os olhos de quem visitava lugares naquelas imediações, há
anos está vazio e não pode por isso mesmo servir a população residente e muito
menos ceder o precioso líquido a outros municípios da área.
A seca é inclemente e
impiedosa e não escolhe cara; Há receio por parte dos homens experientes do
campo de que venha a se prolongar pelo próximo ano de 2015. Isso se escuta em cada
município daquela região. É um medo só.
Apesar de todo esse
sofrimento, vê-se uma população crente em Deus, sem blasfemar por um instante
sequer e esperando pacientemente por uma solução Divina, porque se sente
explorada e enganada pelos governantes. Em cada rosto se divisa esperança, fé e
muita paciência.
Foi um dia de festa
rural em plena seca. A alegria da família Amorim foi invadida pela grande oração proferida
ardentemente por todos os presentes sob o frondoso umbuzeiro, agradecendo ao
Superior mais um grande encontro familiar.