Em discurso no Parlamento Europeu nesta terça-feira, o papa Francisco
pediu que a União Europeia supere a crise econômica, para que possa retomar seu
papel de liderança global.
Francisco afirmou que o objetivo da visita a Estrasburgo era
trazer uma mensagem de esperança aos europeus, cuja confiança nas instituições
foi abalada pela crise econômica. Além disso, os moradores do continente
encontram-se espiritualmente “à deriva”, numa cultura que não mais valoriza a
dignidade dos seres humanos, disse.
- Uma Europa que não mais se abre à dimensão transcendente da
vida é uma Europa que arrisca perder sua alma aos poucos – afirmou o pontífice.
“A Europa dá a impressão de estar um tanto envelhecida e abatida, como se
sentisse cada vez menos como protagonista num mundo que com frequência se
refere a ela com indiferença”, afirmou o papa aos parlamentares europeus.
“Encontramos uma impressão geral de abatimento e envelhecimento,
de uma Europa que é hoje como uma avó, não mais fértil e vibrante”, observou
Francisco. “Chegou a hora de abandonarmos essa ideia de uma Europa medrosa e
narcisista, para reavivar e encorajar uma Europa de liderança.”
O papa também falou sobre a questão dos
milhares de refugiados vindos de países da África e do Oriente Médio. “Não
podemos permitir que o Mar Mediterrâneo se torne um vasto cemitério”, alertou.
“Os barcos que chegam diariamente às praias da Europa estão cheios de homens e
mulheres que precisam de aceitação e assistência.”
Apenas neste ano, mais de 3.200 pessoas morreram ao tentar
chegar à Europa, fugindo de conflitos em seus países de origem.
Centenas de pessoas reuniram-se para assistir ao pronunciamento
do papa em telões colocados em frente à catedral de Estrasburgo. Dessa vez, o
pontífice abriu mão do papamóvel e do contato direto com os fiéis, e dedicou
sua viagem de apenas quatro horas de duração, a mais curta já realizada ao
exterior por um papa, ao Parlamento e ao Conselho Europeu.
A visita também foi marcada por protestos, muitos criticando a
decisão do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, de convidar um
líder religioso para discursar numa instituição laica.
O líder da Igreja Católica também se reuniu brevemente com os
presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu,
Herman Van Rompuy.
Fonte: Correio do
Brasil