Julio
Gartner e Henry Nekrycz vivem no Brasil; nazismo matou cerca de 6 milhões de
judeus durante a 2ª Guerra Mundial.
O ruído dos coturnos avançando
ritmicamente pelas pequenas ruas do Gueto de Cracóvia, Polônia, ainda repercute
nos ouvidos de Julio Gartner mesmo 73 anos após cerca de 15 mil judeus terem
sido retirados do local pelas tropas nazistas e terem sido levados de maneira
arbitrária a campos de concentração, inclusive a Plaszow – o primeiro dos cinco
que Gartner viveria durante a Segunda Guerra Mundial
(1939–1945). "Durante muitos anos, quando eu fechava os olhos para
dormir, vinham aquelas imagens na minha mente: correria, choro de crianças, o
ruído dos soldados matando os moradores e invadindo os apartamentos. Às vezes
ainda tenho pesadelos com isso", diz Gartner ao iG.
O judeu
conta que levou uma vida normal junto aos pais e ao irmão por algum tempo
depois de a Polônia ter sido conquistada pelas tropas de Adolf Hitler
(1889—1945). Mas ao notar os perigos que as tropas representavam para o país, a
família optou por ajudar o irmão do judeu a fugir para a União Soviética
enquanto Gartner decidiu ficar com os pais e os 3 mil habitantes que ocupavam o
distrito composto por 30 ruas e 320 construções residenciais.
Há cerca de 260 km dali, na cidade polonesa de Lodz, Henry Nekrycz, também conhecido pelo pseudônimo de Ben Abraham, viu seu mundo desmoronar quando os soldados nazistas invadiram o gueto onde morava "do dia para a noite", como ele mesmo resume, em 1944. À época, o jovem de 19 anos morava com a mãe, Ida Nekryczque, que nunca mais foi vista após após ter sido enviada ao campo de concentração de Auschwitz.
"Foi uma surpresa. Ninguém esperava uma ação como aquela. Eles invadiram o gueto e começaram a levar os judeus. Minha mãe foi morta em uma câmara de gás. Meu pai já havia sido morto antes, em 1942", diz.
Em Lodz, dezenas de milhares de judeus morreram por motivos como fome, doenças e em consequência de crimes violentos de 1940 a 1944. Além desses problemas, os nazistas enviaram até 80 mil prisioneiros para o campo de extermínio de Chelmno. Os que assim como Nekryczque e sua mãe ainda estavam vivos quando o gueto foi dissolvido, em 1944, foram deportados para Auschwitz.
Fonte: Portal Café
História