O papa Francisco se tornou nesta quinta-feira o primeiro pontífice
a discursar em uma sessão do Congresso dos Estados Unidos.
E, apesar das boas-vindas de milhares de
pessoas na quarta-feira em Washington – com uma cerimônia na Casa Branca e a
canonização do missionário franciscano Junipero Serra – muitos políticos e
comentaristas americanos o criticam por suas posições supostamente “marxistas”.
Para o conhecido apresentador de rádio
conservador Rush Limbaugh, as crenças de Francisco são “marxismo puro”. O
programa diário de rádio de Limbaugh tem uma audiência de milhões.
Muitos
políticos reagiram com indignação a comentários feitos pelo pontífice em uma
recente viagem à Bolívia, onde fez duras críticas ao capitalismo.
“Uma
vez que o capital se transforma em um ídolo e guia as decisões das pessoas, uma
vez que a ganância pelo dinheiro governa todo o sistema socioeconômico, arruína
a sociedade, condena e escraviza homens e mulheres, destrói a fraternidade
humana”, disse ele.
O senador Mike Rounds, ex-governador do
Estado de Dakota do Sul e também católico, rebateu a visão do papa: “Se você
acredita que a qualidade de vida que foi disponibilizada para milhões de
pessoas no mundo todo e liberdades para as pessoas no mundo todo, a maior parte
disso aconteceu por causa da inovação gerada pelo capitalismo, e porque os
Estados Unidos da América existem”.
Outros
americanos católicos chegaram a ameaçar suspender o apoio financeiro à Igreja
se o papa insistir na suposta cruzada contra excessos e liberdade dos mercados.
O biógrafo Paul Vallely, explicou, na revista
americana especializada Politico, que “a aversão do papa ao capitalismo vigoroso
é simplesmente apocalíptica demais para os magnatas americanos – negligenciando
os poderes de cura da tecnologia, ignorando a forma como o livre mercado tirou
milhões da pobreza e se recusando a considerar que a posição católica em
relação à contracepção é, em parte, culpada pela superpopulação em nosso
planeta”.
Estrelas do movimento ultraconservador
americano conhecido como Tea Party, como a ex-candidata republicana à
vice-presidência Sarah Palin ou o ex-pré-candidato republicano Rick Santorum,
também demonstraram fortes reticências à “agenda liberal” do papa Francisco.
Santorum, pai de uma família numerosa, chegou
a dizer que “às vezes é difícil escutar” o papa Francisco, devido ao fato de o
pontífice já ter falado que “ser um bom católico não significa ter filhos como
coelhos”.
Adam Shaw, da Fox News, comparou a
popularidade de Francisco com a desfrutada pelo presidente Barack Obama em seus
primeiros dias no cargo.
“Assim como o presidente
Obama foi uma decepção para os EUA, o papa Francisco demonstrará ser um
desastre para a Igreja Católica”, escreveu o jornalista. Fonte:
Pragmatismo Político.