terça-feira, 6 de outubro de 2015

GUARABIRA SEM OSMAR



Por Antonio do Amaral.

O anúncio do seu inacreditável falecimento consternou a todos quantos tiveram conhecimento dessa infausta notícia.
Murchava um lírio branco nos jardins floridos desta encantadora cidade.
O dinamismo de sua ação associada à sua extraordinária e exemplar personalidade, motivou um comentário anônimo de que demoraria décadas, para que outra mulher pudesse dar à luz, a um ser tão encantador, como era OSMAR.
Humanista que no seu quotidiano, buscava a interligação da teoria à prática.
Advogado brilhante que em suas teses jurídicas, desenvolvidas ardorosamente em defesa dos seus constituintes, pouca importância dava aos honorários advocatícios, custeando inúmeras vezes as despesas com o processo, além dos gastos com os próprios interessados.
Político apaixonado pelos problemas sociais norteava a aproximação do topo da Pirâmide Social em relação às suas bases, com o objetivo de diminuir o fosso entre os que são abastados, com os desgarrados da sorte.
Jornalista percuciente sempre reservou o seu talento intelectual, em defesa dos problemas cujas dimensões motivavam a polêmica em todos os seguimentos, chamando a atenção das classes privilegiadas, sobre a exclusão da grande massa de desassistidos, sem acesso quer aos meios de produção, quer ao capital.
Orador incomparável em suas perorações elevou o ser humano e registrou verdadeiras pérolas, na limpidez do seu penetrante pensamento, voltado para uma dialética tão convincente, que normalmente levava os seus admiradores a um verdadeiro êxtase.
Se alguém ousasse conceituar OSMAR, poder-se-ia denominá-lo de um pan-homem, voltado exclusivamente para o profundo amor que nunca deixou de dedicar aos seus semelhantes, até mesmo em condições as mais adversas.
Inesquecível fora a sua volta a este torrão, quando em instantes de indescritível inspiração, nos idos de 1964 sentenciara:    “Volto ao teu seio, terra estremecida das minhas angústias, das minhas alegrias e dos meus sonhos”.
Os caminhos palmilhados por OSMAR, procurando incansavelmente o soerguimento dos seus irmãos, faz-nos lembrar os versos Cassiano Ricardo, quando diz, referindo a outra personalidade: “Quem morreu não foi ele/ foram as coisas, que deixaram de ser vistas pelos seus olhos”.
Sua ausência é lembrada e faz falta aos nossos contemporâneos.
Não é demais dizer que Osmar pertence à categoria dos gigantes da pátria, carregando-a nos ombros e não permitindo que ela desapareça.
A visão do seu alvorecer em que o homem se firme na plenitude dos seus sonhos, ficou registrado quando afirmara: “… e mesmo dentro da noite de opressão, nós te damos as mãos dentro da escuridão, haveremos de gritar ‘chaplinianamente’ para os descrentes e aflitos: calma, os pássaros cantarão amanhã”.
A máxima Brecheteana de que os homens imprescindíveis, são aqueles que trabalham toda a vida e a vida toda, encontra ressonância quando OSMAR, certa vez e em razão de uma enfermidade que lhe abatera dissera: “Doutor Geraldo (Camilo) mantém, ainda, tiranicamente, em semi-repouso”.
Oxalá, por paradoxal que possa parecer, a presença de OSMAR, neste tributo de saudade, inspire a busca da verdade, emergindo o a amor à gleba natal, para vê-la grande de respeitada, onde os fariseus proliferam, os aventureiros dominam o povo pobre, que a tudo assiste sem saber reagir, nem como reagir e possam dos canteiros dessa fenomenal Guarabira, florir o quanto antes, milhões de lírios brancos.
(Antonio do Amaral, Juiz de Direito e ex-prefeito de Guarabira).