Por Antonio do Amaral.
O
anúncio do seu inacreditável falecimento consternou a todos quantos tiveram
conhecimento dessa infausta notícia.
Murchava
um lírio branco nos jardins floridos desta encantadora cidade.
O
dinamismo de sua ação associada à sua extraordinária e exemplar personalidade,
motivou um comentário anônimo de que demoraria décadas, para que outra mulher
pudesse dar à luz, a um ser tão encantador, como era OSMAR.
Humanista
que no seu quotidiano, buscava a interligação da teoria à prática.
Advogado
brilhante que em suas teses jurídicas, desenvolvidas ardorosamente em defesa
dos seus constituintes, pouca importância dava aos honorários advocatícios,
custeando inúmeras vezes as despesas com o processo, além dos gastos com os
próprios interessados.
Político
apaixonado pelos problemas sociais norteava a aproximação do topo da Pirâmide
Social em relação às suas bases, com o objetivo de diminuir o fosso entre os
que são abastados, com os desgarrados da sorte.
Jornalista
percuciente sempre reservou o seu talento intelectual, em defesa dos problemas
cujas dimensões motivavam a polêmica em todos os seguimentos, chamando a
atenção das classes privilegiadas, sobre a exclusão da grande massa de
desassistidos, sem acesso quer aos meios de produção, quer ao capital.
Orador
incomparável em suas perorações elevou o ser humano e registrou verdadeiras
pérolas, na limpidez do seu penetrante pensamento, voltado para uma dialética
tão convincente, que normalmente levava os seus admiradores a um verdadeiro
êxtase.
Se
alguém ousasse conceituar OSMAR, poder-se-ia denominá-lo de um pan-homem,
voltado exclusivamente para o profundo amor que nunca deixou de dedicar aos
seus semelhantes, até mesmo em condições as mais adversas.
Inesquecível
fora a sua volta a este torrão, quando em instantes de indescritível
inspiração, nos idos de 1964 sentenciara: “Volto ao teu seio, terra
estremecida das minhas angústias, das minhas alegrias e dos meus sonhos”.
Os
caminhos palmilhados por OSMAR, procurando incansavelmente o soerguimento dos seus
irmãos, faz-nos lembrar os versos Cassiano
Ricardo, quando diz, referindo a outra personalidade: “Quem morreu não foi ele/ foram as
coisas, que deixaram de ser vistas pelos seus olhos”.
Sua
ausência é lembrada e faz falta aos nossos contemporâneos.
Não
é demais dizer que Osmar
pertence à categoria dos gigantes da pátria, carregando-a nos ombros e não
permitindo que ela desapareça.
A
visão do seu alvorecer em que o homem se firme na plenitude dos seus sonhos,
ficou registrado quando afirmara: “…
e mesmo dentro da noite de opressão, nós te damos as mãos dentro da escuridão,
haveremos de gritar ‘chaplinianamente’ para os descrentes e aflitos: calma, os
pássaros cantarão amanhã”.
A
máxima Brecheteana de que os homens imprescindíveis, são aqueles que trabalham
toda a vida e a vida toda, encontra ressonância quando OSMAR, certa vez e em
razão de uma enfermidade que lhe abatera dissera: “Doutor Geraldo (Camilo) mantém,
ainda, tiranicamente, em semi-repouso”.
Oxalá,
por paradoxal que possa parecer, a presença de OSMAR, neste tributo de saudade, inspire
a busca da verdade, emergindo o a amor à gleba natal, para vê-la grande de
respeitada, onde os fariseus proliferam, os aventureiros dominam o povo pobre,
que a tudo assiste sem saber reagir, nem como reagir e possam dos canteiros
dessa fenomenal Guarabira, florir o quanto antes, milhões de lírios brancos.
(Antonio
do Amaral, Juiz de Direito e ex-prefeito de Guarabira).