Por Rede Brasil Atual
São Paulo – O dia de ontem (22) foi de
muitas atividades nas escolas ocupadas por estudantes paulistas contra a
proposta de reorganização escolar do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), que prevê o fechamento de quase uma centena de escolas e a
reestruturação de outras que vai afetar a vida de milhares de alunos.
Na Escola Estadual Fernão Dias
Paes, em Pinheiros, na zona oeste da capital, ocupada desde o último dia 10, os
alunos receberam a visita do músico Chico César neste domingo. Ele foi
convidado por uma amiga professora a cantar e, aproveitando uma brecha na
agenda de shows, esteve lá, onde também gravou um vídeo no qual faz uma
reflexão sobre o movimento e conclama outros a colaborar.
"Acho importante os
artistas, as pessoas, os professores que puderem vir aqui doar aulas, dar uma
oficina, um curso, alguma coisa. Posso contribuir desse jeito, vir tocar. Doei
uma coisa que sai da minha alma, que é minha música, do meu coração. O público
nos dá tanto, que sempre que a gente puder ir trocar graciosamente, sem a
presença da grana... Sabe, nem tudo é grana nessa vida. Aliás, as coisas mais
importantes não podem ser compradas, podem ser compartilhadas, dadas
assim."
Questionado sobre qual lição os
estudantes deixam para a sociedade com as ocupações que já se aproximam de 100
escolas no estado, Chico César disse: "Eu acho que os estudantes dizem
para todos nós: 'olha gente, é possível, nem tudo depende dos governos', o
governo é quem decide, o Judiciário é quem decide, não, quem decide somos
nós'."
Para o músico, o cidadão tem um
"poder incrível" e poder mudar o rumo das coisas. "Acho que essa
é a lição, mostrar que todos nós temos poder, que nós podemos participar, mudar
o rumo das coisas. Muitas coisas chegam pra nós como se já estivesse tudo certo
e pronto e que você só deve cumprir. Não é assim, nós podemos através da
desobediência civil, das manifestações organizadas, participar das decisões.
Isso vai influenciar o futuro de muita gente."
Na Caetano de Campos, na
Consolação, região central da capital, os alunos que ocupam a escola desde
quarta-feira (18), marcaram almoço comunitário neste domingo para explicar o
projeto de Alckmin.
Na Gavião Peixoto, em Perus, zona
norte da capital, ocupada desde a última quinta-feira (19), os alunos
realizaram uma assembleia com a comunidade também para explicar a motivação do
movimento.
Na Pequeno Cotolengo de Dom
Orione, em Cotia, na Grande São Paulo, ocupada há dois dias, os alunos
receberam a professora de História Anna Figueiredo, que se voluntariou a dar
aulas na ocupação.
Já na Comendador Miguel Malu,
na Vila Nair, zona sul da capital, ocupada desde o dia 13, foi realizada uma
reunião das escolas mobilizadas da região, com o intuito de organizar o
movimento na periferia.
Além de outros apoios já
recebidos de várias regiões do país, os secundaristas de Joinville deliberaram
em congresso neste domingo total apoio à luta dos estudantes paulistas.
Ontem, os alunos que ocupam desde
o dia 17 a Stela Machado, na cidade de Bauru, no interior paulista, fizeram
aulas de condicionamento físico com o mantra do movimento: "Não tem
arrego!".
"Aqui em Agudos, na escola
estadual Padre João Batista de Aquino, a população está nos ajudando muito
nessa luta. Queria agradecer por todas as doações de alimentos e produtos de
limpeza e higiene", postaram ontem na página Não Fechem Minha Escola, no
Facebook, os estudantes, que ocupam desde quinta-feira a escola de Santo
Antonio-Agudos, na região de Bauru.
EXPECTATIVA. O
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo vai retomar amanhã (23) a audiência
de conciliação entre representantes dos alunos e do governo do estado. Na
quinta-feira não houve acordo, pois os estudantes querem que Alckmin cancele a
reorganização e que o projeto seja discutido nas escolas durante todo o ano de
2016. O secretário da Educação, Herman Voorwald, rejeitou a proposta. A sessão
foi suspensa para que as partes revissem suas posições.
Os alunos deixaram o Tribunal
avisando que as ocupações não acabarão até que Alckmin ceda. A Justiça
suspendeu qualquer ordem de reintegração de posse e com isso as ocupações
seguem aumentando. O balanço divulgado ontem pelo Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial (Apeoesp) registrava 87 ocupações no estado. Cinco delas já
haviam sido desocupadas. Fonte: Brasil 247.