Em depoimento na sede da Polícia Federal do Rio, o
banqueiro André Esteves disse conhecer o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder
do governo no Senado, apenas “institucionalmente”.
Segundo Esteves, eles se encontraram cinco vezes,
sendo a última na sede do BTG, em São Paulo.
Nesta quarta (25), o banqueiro e o senador foram
presos sob a acusação de tentar obstruir as investigações da Lava Jato.
Na noite desta quarta, o advogado de Esteves,
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, pediu a revogação imediata da prisão
ao ministro Teori Zavascki, do STF.
A defesa alega que ele nunca teve em mãos qualquer
depoimento da Lava Jato, não conhece as pessoas envolvidas na denúncia e que as
buscas em suas casas e no BTG já teriam ocorrido, significando que sua
liberdade não atrapalharia as investigações.
“Ele está perplexo com tudo isso. Imagina você
acordar às 6h com a Polícia Federal em sua porta. O André Esteves não tem
envolvimento com nada disso”, disse Kakay.
No almoço desta quinta (26), o banqueiro almoçou
uma quentinha de alumínio com macarrão, carne, arroz e feijão numa cela da
Superintendência da Polícia Federal, no Centro do Rio.
O banqueiro está no local desde o fim da tarde de
quarta, aguardando a decisão do ministro Teori Zavascki do STF (Supremo
Tribunal Federal) sobre o local onde cumprirá os cinco dias de prisão
temporária determinados pelo tribunal.
A sede da PF no Rio é a única superintendência no
país que não possui um sistema para custódia de presos. Por isso, todos os
detentos levados para o local passam, geralmente, uma única noite antes de
seguirem para um presídio do sistema penitenciário do Rio. Foi o que aconteceu,
por exemplo, em 2011, quando o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da
Rocinha, foi preso pela PF.
Antes de dormir no local, nesta quarta, duas
advogadas de André Esteves ajudaram a limpar a cela de 9 m². O banqueiro disse
aos policiais que é alérgico.
Antes da limpeza, as advogadas foram até uma loja
na Praça Mauá, no centro do Rio, e compraram roupa de cama, toalha e sabonete
para o banqueiro passar a noite. No retorno à superintendência da PF, arrumaram
um colchão no chão da cela.
As advogadas trouxeram ainda um sanduíche e um
refrigerante para o jantar. Esteves passou, segundo os policiais federais, boa
parte da noite acordado.
A PF no Rio aguarda a decisão do STF para saber se
o banqueiro será transferido para outro Estado ou encaminhado para o presídio
Ary Franco, na zona norte da cidade, que tem uma ala de presos à disposição da
Justiça Federal.
Prisão já custou R$ 488 milhões. A repercussão internacional da
prisão de Esteves gerou efeitos sobre o desempenho do BTG na Bolsa de Valores
e, logo, sobre a fortuna do banqueiro.
De acordo com a revista Forbes, o patrimônio
líquido de Esteves oscilou bastante, chegando a diminuir em US$ 488 milhões
nesta quarta-feira.
A maior parte da fortuna de US$ 2,1 bilhões
pertencente a Esteves vem de sua participação na gestora de recursos brasileira
do BTG. A mesma gestora que no ano passado possuía cerca de US$ 200 bilhões sob
ativos em gestão e hoje apresenta cerca de US$ 57 bilhões, principalmente
devido à desvalorização do real frente ao dólar. Fonte: Pragmatismo Político.