Paraná 247 - No despacho em que
determinou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente
Lula suspeito de intermediar propinas envolvendo contrato de navio-sonda da
Petrobras, o juiz Sérgio Moro enfatizou que não existe nenhuma prova ou indício
da participação do ex-presidente nos atos ilícitos investigados.
"Não há nenhuma prova de que o ex-presidente
da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento
recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o
mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou
para interferir na investigação ou na instrução", sentenciou Moro na
decisão.
Para o magistrado, a prisão de Bumlai foi feita
também para conter eventuais danos à reputação do ex-presidente. Fatos
da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas
também à reputação do ex-Presidente, sendo necessária a preventiva
para impedir ambos os riscos", afirmou.
Bumlai é suspeito de ter tomado um empréstimo de
R$ 12 milhões junto ao banco Schahin, recurso que, segundo os investigadores e
com base em delações dos próprios executivos do banco, teria como objetivo ser
repassado ao PT.
O fato de Lula não ser alvo da 21ª fase da
operação Lava Jato, batizada de "Passe Livre", também foi destacado
pelo procurador da República Carlos Fernando dos Santos. Em entrevista na sede
da PF em Curitiba, ele disse que não é possível calcular o envolvimento de Lula
nas operações financeiras. "Havia o uso do nome do ex-presidente, mas até
o momento, em nossos levantamentos não houve alguma intercessão, apenas ouvimos
nos depoimentos que as ordens vinham de cima", comentou.
Sérgio Moro considerou a prisão do pecuarista
José Carlos Bumlai, alvo central da Operação Passe Livre, deflagrada nesta
terça-feira, 24, necessária dentro de um contexto de corrupção sistêmica e
profunda. "Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação
Lava Jato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é
sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de
agravamento progressivo do quadro criminoso", diz Moro, em decisão do dia
19.
"Se os custos do enfrentamento hoje são
grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um
preço elevado, com várias autoridades públicas denunciadas ou investigadas em
esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na
democracia."
Para o juiz da Lava Jato, a liberdade de Bumlai
representaria um "risco à ordem pública". Fonte: Brasil 247.