247 - Documento apreendido
pela Procuradoria Geral da República (PGR) dá conta de que o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu R$ 45 milhões do Banco
BTG Pactual em troca da aprovação de uma emenda provisória para beneficiar o
banco.
A anotação foi encontrada por agentes da Polícia
Federal na casa de Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio do
Amaral (PT-MS), e preso com ele na quarta-feira (25) em decorrência da Operação
Lava Jato.
Segundo os investigadores, o documento faz parte
de um conjunto de papéis que possivelmente constituía um roteiro de ação de
Delcídio junto a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo
(STF) para tentar soltar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que também
está preso pela Lava Jato.
No verso, conforme publicação da Folha de São
Paulo, há um escrito com referência ao BTG. A PGR, contudo, não diz se é uma
anotação manuscrita.
"Em troca de uma emenda à medida provisória
nº 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual
estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao
deputado federal Eduardo Cunha a quantia de 45 milhões de reais", diz o
documento.
A anotação diz ainda que também participou da
operação o executivo do BTG Pactual Carlos Fonseca e uma outra pessoa, chamada
Milton Lira.
"Esse valor também possuía como destinatário
outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo deu certo, Milton Lira fez um
jantar pra festejar", diz o texto, que diz que Cunha e Esteves
participaram desse encontro.
Aprovada no Congresso em 2013 (Cunha ainda não
era presidente da Casa), a MP trata de operações bancárias, e um artigo dela
pode ter beneficiado diretamente o BTG Pactual.
O BTG comprou o antigo banco Bamerindus em
janeiro de 2013 por R$ 418 milhões. O maior ativo do banco que sofreu
intervenção em 1997 e estava em liquidação extrajudicial eram seus créditos
tributários, cerca de R$ 1,5 bilhão, o que permitiu ao BTG reduzir os impostos
a pagar.
Cunha nega as acusações:
"absurdo". Eduardo Cunha diz que é "um absurdo" o
papel ligando seu nome ao recebimento de dinheiro por parte do BTG Pactual para
alterar a medida provisória de interesse do banco. "Parece armação",
disse o peemedebista à Folha de São Paulo.
Cunha afirmou também que não conhece o chefe de
gabinete de Delcídio do Amaral, Diogo Ferreira, em cuja casa foi apreendido o
papel. O peemedebista afirma que ele, Ferreira, é quem deve explicações sobre o
escrito.
Seu advogado no caso Lava Jato, Antônio Fernando
de Souza, disse no começo da noite de domingo que só poderia avaliar o
documento caso ele esteja oficialmente em algum processo referente a Cunha. Fonte:
Brasil 247.