Brasília 247 - Após ter suas
casas e escritório vasculhados pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público
Federal (MPF), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disse que "não há a menor hipótese" de renunciar à presidência da
Câmara.
O artífice do pedido de impeachment da presidente
Dilma Rousseff disse que, desde março, foi "escolhido para ser
investigado". "Eu sou um desafeto do governo", disse.
Eduardo Cunha deu a entender que a Polícia
Federal, cumprindo mandados de prisão determinados pelo Supremo Tribunal
Federal, agiu a mando do governo e disse ter achado estranha a visita do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Curitiba, sede da Operação Lava
Jato. "Eu estranho todas essas coincidências",
afirmou. "Vocês deviam estar questionando isso", disse aos
jornalistas.
Sobre o avanço da ação que pede sua cassação no
Conselho de Ética, Cunha disse que vai recorrer contra a decisão,
argumentando que a sessão desobedeceu o regimento. O deputado também voltou a
defender a saída do PMDB do governo. "PMDB tem que decidir a saída deste
governo o mais rápido possível".
Mais informações na reportagem da Agência Brasil:
Após buscas da PF, Cunha descarta
renúncia e critica PT. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
descartou hoje (15) que vá renunciar ao cargo, em entrevista coletiva no Salão
Verde. Cunha disse que lhe causou estranheza a ação da Polícia Federal em suas
residências e escritório às vésperas da decisão sobre o processo de impeachment
da presidenta Dilma Rousseff e do Conselho de Ética sobre a representação
contra ele. Na entrevista, Cunha criticou o PT.
"Todo dia tem denúncia e caixa 2 do PT. De
repente, fazer uma operação com o PMDB. Isso causa estranheza a todos nós. Quem
for um pouco inteligente sabe que no dia de hoje, às vésperas da decisão do
processo de impeachment, tem alguma coisa de estranha no ar, além da situação
normal de investigação", disse aos jornalistas.
"Não me parece que ninguém do PT, que tem o
foro que eu tenho, é sujeito a algum tipo de operação. Só é sujeito a operações
até agora aqueles quem não são do PT", disse. "Sou desafeto do
governo. Fui escolhido para ser investigado. Nada mais natural que eles vão
buscar o revanchismo", acrescentou.
"Não estou nem um pouco preocupado com
operação que aconteceu. Normal, natural, mas estranho profundamente essa
concentração no PMDB".
A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã de hoje
(15) mandado de busca e apreensão na residência oficial de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), em Brasília, e na casa particular, no Rio de Janeiro. Também foram
feitas buscas em endereços de dois ministros: Henrique Eduardo Alves, do
Turismo, e Celso Pansera, de Ciência, Tecnologia e Inovação, ambos do PMDB.
No total, a polícia cumpre 53 mandados de busca e
apreensão no Distrito Federal (9), em São Paulo (15), no Rio de Janeiro (14),
Pará (6), em Pernambuco (4), Alagoas (2), no Ceará (2) e no Rio Grande do Norte
(1) como parte da Operação Catilinárias, deflagrada hoje (15) por determinação
do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. A ação faz parte
da Operação Lava Jato.
Impeachment.
O Supremo Tribunal Federal (STF) se posicionará amanhã (16) sobre o rito de
tramitação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Conselho
de Ética. Por 11 votos a 9, o Conselho de Ética da Câmara votou hoje a
favor do parecer preliminar do deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que mantém
representação contra o presidente da Câmara. A decisão dá continuidade à ação.
Cunha é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e por ter
prestado falso testemunho quando depôs na CPI da Petrobras negando ter contas
secretas no exterior.
Cunha será notificado e terá 10 dias para
apresentar defesa por escrito no processo disciplinar. Fonte: Brasil 247.