247 - Após
uma queda ampla ininterrupta entre 1942 e 1963, a desigualdade social no Brasil
deu um salto e voltou a crescer rapidamente nos primeiros anos da ditadura
militar, a partir do golpe de 64.
A conclusão faz parte de uma
pesquisa, de autoria de Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, sob
orientação de Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e da Universidade de Brasília (UnB). O estudo reacende um debate que, nos
anos 70, mobilizou grandes nomes da economia nacional em torno da questão.
No âmbito geral, o Brasil
sempre foi muito desigual. Em média, ao longo das nove décadas analisadas pela
pesquisa, cerca de 15% de toda a renda do país esteve concentrada nas mãos da
fatia 1% mais rica. A desigualdade é grande até dentro da elite:
historicamente, após 1974, a parcela 0,1% mais rica deteve entre 8% e 15% da
renda total.
Entre 2006 e 2012, o 1% mais
rico concentrava mais renda, comparativamente, do que toda a metade mais pobre
da população.
A novidade da pesquisa é
apontar que a desigualdade social pode ser conduzida politicamente. "A
grande pista está dada. O Estado é um elemento crucial para determinar a
trajetória da desigualdade", afirma o pesquisador Souza, em entrevista ao
Valor.
"Meus resultados
confirmam que houve aumento da desigualdade e indicam que a fatia dos mais
ricos aumentou principalmente nos primeiros anos da ditadura", disse. Ele
destaca que a estratégia do regime militar para lidar com a inflação e tentar
alavancar o crescimento basicamente tentou reduzir o custo do trabalho via
arrocho salarial e aumentar o retorno do capital. "Já nos primeiros anos
depois do golpe diversos incentivos fiscais para determinados investimentos
foram incluídos nas regras do imposto de renda", acrescentou. Fonte:
Brasil 247.