247 - O terceiro depoimento prestado
pelo empresário José Carlos Bumlai, preso há um mês pela Operação Passe Livre,
desmembramento da Lava Jato, pela Polícia Federal, revela que a linha de
investigação tenta envolver o ex-presidente Lula nos negócios do pecuarista. O
nome dele foi mencionado pelos investigadores dezoito vezes ao longo do
interrogatório de Bumlai. O Instituto Lula foi citado três vezes em
perguntas da PF.
Levantamento foi publicado no blog
do jornalista Fausto Macedo.
"Que solicitação ele [Lula]
poderia me fazer? Ele não precisava de mim para nada. Acho que ele não me
pediria nada. Ele tinha as pessoas de confiança dele. Eu não era uma pessoa
assim", afirmou Bumlai ao responder um dos questionamentos.
O criminalista Arnaldo Malheiros
Filho, que defende o empresário, afirma que "há um grande empenho das
autoridades em pressionar Bumlai para que, de alguma maneira, envolva Lula na
apuração da Lava Jato". "É inegável e notória a amizade entre ambos.
O que não existe é intermediação criminosa daquele junto a este para a
realização de negócios ou patrocínio de negócios privados de terceiros. A única
vez em que Bumlai teve interesse em apresentar alguém a Lula – sem que isso
configure crime algum – foi em razão de um pedido já formulado pelo embaixador
do Qatar, num momento em que ele fez uma tentativa de fechar um negócio naquele
país, sem obter êxito", afirma.
Abaixo os trechos do interrogatório:
- Que indagado se a presença de
Delúbio Soares na sede do Banco Schahin representava para o reinterrogando o
interesse de Luiz Inácio Lula da Silva na realização do empréstimo, disse que
não. “Na verdade, sua (Delúbio) presença traduzia o interesse do Partido dos
Trabalhadores.”
- Que indagado ‘se está tentando
proteger figuras públicas de responsabilidade no episódio, tais como o
ex-presidente da República e outros dirigentes do Partido dos Trabalhadores,
tais como seu presidente à época José Genoíno, respondeu que não está tentando
proteger ninguém’.
- Que indagado ‘se seria uma
pessoa de confiança de Luiz Inácio Lula da Silva, disse acreditar que sim,
exceto em assuntos relativos a negócios’.
- Que indagado ‘se, em verdade, o
suposto constrangimento que sofreu não advinha do fato de que o pedido para que
o reinterrogando tomasse o empréstimo em prol do Partido dos Trabalhadores
teria partido do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ou de
outros dirigentes da agremiação política, respondeu negativamente’.
- Que indagado ‘se realmente
nunca tratou de questões comerciais ou políticas com Luiz Inácio Lula da Silva,
respondeu que não’.
- Que perguntado ‘se exercia
funções de secretário de Luiz Inácio Lula da Silva disse que não’.
- Que perguntado ‘sobre a forma
de comunicação que mantinha com Luiz Inácio Lula da Silva disse que entrava em
contato através do número de sua esposa’.
- Que ‘pelo que o reinterrogando
sabe Luiz Inácio Lula da Silva nunca possuiu um número de celular próprio’.
- Que ‘durante os anos de 2014 e
2015, não repassou qualquer demanda de interessados em solicitar reuniões, palestras
e outros pleitos a Luiz Inácio Lula da Silva’.
- Que ‘indagado novamente se
confirma que nunca tratou de assuntos comerciais ou políticos com Luiz Inácio
Lula da Silva respondeu que, além do caso narrado acima (e-mail da Embaixada do
Catar), não se recorda de outros episódios, contudo, gostaria de esclarecer que
não possui relações comerciais com Lula’.
- Que ‘indagado qual o motivo que
a autoridade policial tem para acreditar na versão dos fatos dado pelo
reinterrogando se ele continua a omitir e mentir sobre fatos relevantes para a
investigação, respondeu que o caso anterior (Embaixada do Catar) reflete a
necessidade de elucidação de fatos que chegam ao conhecimento das autoridades
com o avançar das investigações’.
- Que ‘gostaria de afirmar que
não existirão tantos outros fatos a serem elucidados’.
- Que ‘considerando que, no
entender da autoridade policial, o reinterrogando faltou com a verdade ao
afirmar que nunca tratara de assuntos comerciais e políticos com Luiz Inácio
Lula da Silva, indagado se confirma que nunca conversou com o ex-presidente
sobre o problema que enfrentava com a Schahin, disse que nunca conversou sobre
este tema com ele’.
- Que ‘indagado se mantém sua
última afirmação, uma vez que lhe foi demandado que dissesse se tem certeza
sobre o fato de que nunca tratou de seu empréstimo com Lula, disse que acredita
e que tem quase certeza de que nunca tratou deste tema com o
ex-presidente’. Fonte: Brasil 247.