Bruno Bochini – Repórter da Agência
Brasil
Manifestantes liderados pelo Movimento Passe
Livre (MPL) iniciaram no fim da tarde de hoje (12) o segundo ato de protesto
contra o aumento do transporte coletivo público em São Paulo. Desde o dia 9, as
passagens do metrô e trens estaduais e dos ônibus municipais, passaram de R$
3,50 para R$ 3,80. Diferentemente da última manifestação, na sexta-feira (8), o
policiamento hoje é ostensivo.
Cordões de policiais cercam o local da
concentração do ato, na Praça do Ciclista, localizada na Avenida Paulista. Há
um único acesso liberado à praça, pela Rua da Consolação. Nas ruas próximas, há
policiais da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) com metralhadoras. O
policiamento, mesmo antes do início do ato, abordava e revistava pessoas que
saíam da estação Paulista do Metrô.
Para o ativista Mário Constantino, do Movimento
Rua Juventude Anti-Capitalista, a mobilização de 2016 tem possibilidade de
ganhar corpo. "Em 2015, as manifestações ocorreram em meio ao passe livre
para estudantes e à construção de corredores de ônibus. Havia um cenário
desfavorável para mobilizar as pessoas. Em 2016, a situação é diferente. O
cenário não é tão desfavorável. Se as manifestações vão se massificar ou não,
está em aberto."
A última manifestação foi dispersada por volta
das 19h30, depois de a Polícia Militar entrar em confronto com os manifestantes
no início da Avenida 23 de Maio, na região central da capital.
O local transformou-se em campo de batalha, com a
polícia jogando bombas de gás e disparando contra a multidão. Alguns
manifestantes arremessaram garrafas e pedras nos policiais. A maior parte dos
participantes do ato dispersou pelas ruas próximas ao Terminal Bandeira, no
centro da cidade.
Até às 15h30 de hoje, Guilherme Perissé, advogado
de três manifestantes presos sexta-feira, não tinha conseguido acesso aos autos
do processo. "O que me causa espécie é que havia um juiz para definir
prisão às 4 horas da manhã [madrugada do sábado]. Não consigo falar com um juiz
para analisar o caso deles. Consegui o número do processo deles só agora",
disse Parissé, que está no Fórum Criminal da Barra Funda. Ele faz parte do
grupo Advogados Ativistas.
Segundo a Secretaria Municipal de Transportes,
responsável pelos ônibus municipais, e a Secretaria Estadual dos Transportes
Metropolitanos, responsável pelo transporte dos metrôs e trens estaduais, o
reajuste ficou abaixo da inflação acumulada desde o último reajuste, em 6 de
janeiro de 2015. A inflação acumulada neste período foi de 10,49%, enquanto o
aumento das tarifas foi estipulado em 8,57% para o bilhete unitário.
A tarifa de integração entre ônibus e trilhos
[metrô e trens] passarão de R$ 5,45 para R$ 5,92. Já os bilhetes temporais 24
horas, madrugador, da hora, semanal e mensal terão seus preços mantidos.
De acordo com as secretarias, "mais da
metade dos usuários do sistema de transportes (53%) não será impactada pela
mudança na tarifa unitária porque são beneficiários de gratuidades, usam
bilhetes temporais que não terão aumento ou são trabalhadores que já pagam o
limite legal de 6% do salário para o vale-transporte". Fonte:
Brasil 247.