Paraná
247 – Ao que tudo indica, um dos
alvos da Operação Triplo X, da Polícia Federal, é o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Partindo do fato de que uma das
coberturas do Edifício Solaris, no Guarujá (SP), está em nome de uma offshore
aberta por um escritório especializado em criar empresas no Panamá, a
força-tarefa da Operação Lava Jato fez uma devassa na subsidiária brasileira do
escritório Mossack & Fonseca.
Em
seguida, o procurador Carlos Fernando Lima afirmou que todos os apartamentos
serão investigados. No caso de Lula, sua esposa, Marisa Letícia possuía uma
cota, que foi devolvida à OAS no fim do ano passado. "Não será
investigando um apartamento – que nem mesmo lhe pertence – que vão encontrar
uma nódoa em sua vida", disse, em nota, o ex-presidente.
Ocorre que foram levados
computadores e apreendida toda a comunicação do Mossack & Fonseca, da
Avenida Paulista, que tinha uma clientela formada por grandes empresários e
figurões da elite política e empresarial do País. Desde que o Panamá se tornou
um dos paraísos fiscais mais "seguros" do mundo, por se recusar a
compartilhar informações com autoridades de outros países, os negócios do
Mossack & Fonseca prosperaram.
A esse respeito, o colunista
José Roberto de Toledo publicou a coluna "Juiz
Moro foi pescar", em que aponta a extensão dos negócios do Mossack.
"O noticiário sobre nova fase da Lava Jato, a Triplo X, destaca o arpão
direcionado a fisgar Lula. Dizer se ele vai acertar o alvo, por ora, é
prestidigitação. Mas essa pescaria não cabe em um arpão. Ao grampearem toda
comunicação e confiscarem computadores da Mossack & Fonseca, os
investigadores da Lava Jato jogaram uma rede tão grande que correm o risco de
pescar mais peixes do que são capazes de escamar. Peixes grandes", afirmou.
"No seu despacho
autorizando a operação contra a Mossack & Fonseca, o juiz Sergio Moro cita
ex-dirigentes da Petrobras, como Renato Duque e Pedro Barusco, que teriam se
beneficiado de contas abertas em nome de offshores criadas com ajuda da
Mossfon. Mas isso é só o começo da pescaria", afirma. "Uma simples
busca no Google pelos nomes dos funcionários da Mossfon presos revela que eles
costumavam se reunir, no Brasil, com empresários e advogados – às vezes
acompanhados de diplomatas panamenhos. Eram visitas de prospecção de clientes.
Como o escritório na Avenida Paulista existe há 30 anos, presume-se que muitos
desses contatos resultaram em negócios."
Nos últimos anos, o escritório
esteve envolvido em diversos casos internacionais de lavagem de dinheiro, que
tiveram grande repercussão, como, por exemplo, o escândalo do HSBC.
"A
Mossack é bem mais ampla que o caso Lava Jato", diz delegado. À frente das ações
da Polícia Federal na operação Lava Jato, o delegado Igor Romário de Paula
acredita que "a Mossack é bem mais ampla que o caso Lava Jato. A empresa
não só apresentou indícios de aparecer em outras investigações já deflagradas
como provavelmente vai se descobrir muita coisa. Não podemos descartar que
surjam provas para outras investigações".
Na 22ª fase da operação, deflagrada nesta quarta-feira
27, a PF apreendeu uma lista com os nomes de centenas de empresas abertas
por brasileiros em paraísos fiscais. Segundo reportagem da Folha, as
planilhas estavam armazenadas em computadores da filial brasileira da Mossack
Fonseca e traz o nome das empresas e de seus respectivos proprietários
brasileiros.
A expectativa é que os dados
forneçam informações sobre um grande esquema de evasão de capitais e lavagem de
dinheiro também em outras áreas, indo muito além da Lava Jato. Fonte:
Brasil 247.