Um fantasma que retornou para assombrar a
Paraíba, mais especificamente o Porto de Cabedelo. A intenção da Petrobras em
não trazer mais combustível por meio do porto já foi ventilada em 2013, mas não
havia sido levada adiante. Entretanto, neste ano a questão foi retomada pela
companhia e já se falava, inclusive, que isto ocorreria a partir deste mês.
Entretanto, não há nada certo ainda e Governo da
Paraíba e entidades do setor lutam para que o combustível continue sendo
trazido para cá. Se a Petrobras deixar de enviar navios com combustíveis para a
Paraíba, o estado perderia indiretamente 45% da movimentação da Companhia das
Docas, além de uma arrecadação de R$ 40 milhões por ano somente do município de
Cabedelo.
“As atividades de transporte e de distribuição de
combustíveis são responsáveis por arrecadação de tributos. Na hipótese de
termos o transporte de combustíveis por caminhões, o Estado ainda teria um
custo imenso de difícil avaliação com milhares de caminhões a mais nas
rodovias”, afirmou o presidente do Sindalcool, Edmundo Barbosa. Ou seja, o
estado teria de buscar o combustível no Porto de Suape, em Pernambuco.
“Seria um fluxo de 200 caminhões por dia
trafegando na BR-101. Não acreditamos na imposição da Petrobrás e por isso
estamos negociando fortemente. A Petrobras também tem um papel social
importante aqui”, afirmou a diretora presidente da Companhia Docas da Paraíba,
Gilmara Temóteo. Toda a logística que teria de ser refeita para trazer o
combustível ao estado acabaria encarecendo o preço do produto.
“Ficaria mais caro do que o que vimos nesses dias
de aumento. Entretanto, não sei ao certo de quanto seria esse aumento. O que
consideramos é que há pedágio em Suape, frete, caminhão todos os dias na BR e
isso oneraria o preço do combustível”, disse Temóteo. Dessa forma, uma
alternativa para evitar tantas perdas seria a criação de um consórcio. “Isso
seria em último caso, mas já tem um estudo sobre a viabilidade do consórcio”,
afirmou.
Segundo explicou o presidente do Sindalcool,
Suape é o porto onde existe a refinaria Abreu e Lima da Petrobras, que por
enquanto produz apenas pequena quantidade de Diesel S10. “A refinaria tem
projeto de produção de Gasolina A, contudo essa produção ainda deve demorar. O
Governo continua importando Gasolina A. Na região Nordeste, a Gasolina A é
descarregada nos portos, Itaqui no Maranhão, Fortaleza, Cabedelo e Suape”,
disse.
SETOR PRIVADO DEFENDE CONSÓRCIO. Para
Barbosa, o consórcio seria a alternativa correta se a Petrobrás impuser tal
situação. Entretanto, ele argumentou que a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) é quem deveria dar um parecer definitivo sobre
o assunto.
“Já tivemos reuniões com as distribuidoras.
Aguardamos o posicionamento da ANP porque ela tem a obrigação de regular o
acesso de navios para retirada no cais da Refinaria em Suape. Temos reunião
marcada com presidente da Transpetro e Bendine, presidente da Petrobrás, dia
21. Neste momento, é imprescindível cobrar definições e colaboração da ANP.
Quem tem que responder com seriedade para a sociedade brasileira é a ANP”,
afirmou.
O presidente do Sindalcool também comentou acerca
da situação da Transpetro – distribuidora da Petrobrás. “A Transpetro está em
crise. Ela cancelou encomendas de 15 navios e deixou de pagar os seis que
manteve. São navios de longo curso. Os atuais ‘Norma’ e outros com nomes de
mulher estão sucateados tem mais de 20 anos. Precisamos da agilidade. Existem
hoje navios de bandeira brasileira e muito mais rápidos do que os da
Transpetro. E a organização da logística sob a gestão do Consórcio é hoje uma
realidade para preservar as bases das distribuidoras em Cabedelo”, avaliou.
De acordo com Barbosa, as usinas que produzem
etanol na Paraíba têm muito a perder caso as bases das distribuidoras deixem de
operar em Cabedelo. “O preço de venda do etanol poderia ser depreciado em razão
do transporte para Suape. A proximidade entre as empresas produtoras e o Porto
é uma das vantagens logísticas das usinas da Paraíba. Temos feito isto em
conjunto com a Cia Docas, com o TECAB (empresa de armazenagem de combustíveis
do Porto de Cabedelo) e com o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis,
porque eles teriam grandes perdas caso viesse a ser adotado o transporte
rodoviário de Suape para a Paraíba”, explicou.
Ele também crê na possibilidade de maior
independência das empresas que atuam na produção e distribuição de
combustíveis. “Nos contatos com técnicos e diretores das empresas
distribuidoras, a Petrobrás Distribuidora tem manifestado interesse em
participar. A Raizen está avaliando, segundo nos informou um dos
vice-presidentes. A Ale e a Ipiranga, da mesma forma, aguardam as condições que
serão estabelecidas para o suprimento. As regionais veem com bons olhos. O
consórcio será bem sucedido se for bom para todos”, avaliou. As informações são
do JCP. Fonte: Portal Paraíba Já.