247 - O senador tucano José
Serra (PSDB-SP), que defende com veemência a queda da presidente Dilma
Rousseff, disse que apesar de considerar como certo o seu afastamento, "o
impeachment não resolve a crise" pela qual o Brasil passa atualmente.
Durante sua participação no IV seminário Luso-Brasileiro de Direito, em Lisboa,
promovido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, ele defendeu que o país
troque o regime presidencialista pelo parlamentarismo.
"Já vimos que só com a proximidade da queda
da Dilma a taxa de risco caiu mais de 100 pontos. A mudança de Governo trará
imediatamente algumas melhoras, porque cria novas expectativas nas pessoas. A
mudança é saudável. Os juros cairão e se gerará entusiasmo, mas isso só terá
efeitos em curto prazo; para que essas crises não se repitam, é preciso mudar o
trocar o regime presidencialista pelo parlamentarismo, e assim substituir os
Governos sem traumas", afirmou.
Em sua participação no evento, o senador buscou
minimizar os avanços e conquistas dos governos do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e da presidente Dilma. "Dos anos cinquenta até os oitenta, o
Brasil triplicou seu PIB; desde então, cresceu só 40%. O país se
desindustrializou, e [o setor industrial] representa apenas 10% do PIB; toda a
aposta da política econômica consistiu em favorecer o consumo", disse.
Segundo o tucano, o Brasil passa por um
"período de agonia" e que "as grandes manifestações começaram
ainda em 2013, por causa do desemprego, e voltaram em 2015, mas já centradas na
crítica ao Governo".
"Nunca acreditei que a Dilma possa perder o
mandato por culpa da crise; o que ocorre no nosso país é que o sistema político
impede uma mudança de Governo sem traumas. Historicamente, as mudanças presidenciais
foram por suicídio, renúncia, deposição ou impeachment. O sistema
presidencialista não permite outros. O impeachment, portanto, é um recurso
político com decorrências jurídicas", disse, justificando a sua posição
pelo afastamento da presidente Dilma. "Dizer que a política é a arte do
possível é reacionário; eu prefiro dizer que a política é a arte de ampliar os
limites do possível", completou.
Ele rechaçou as acusações de que o impeachment é
um golpe contra um governo democraticamente eleito. "Estamos vivendo o
período democrático mais longo da nossa história", afirmou. Fonte:
Brasil 247.