247 – Em
tempos de intensa polarização política, milhões de brasileiros já foram às ruas
para se manifestar contra e a favor do impeachment da presidente Dilma
Rousseff. Se no dia 13 de março, multidões defenderam sua saída, o troco veio
nos dias 18 e 31 do mês passado, quando muitos gritaram, em várias cidades do
País, o coro "não vai ter golpe".
No entanto, há ainda aqueles
que permanecem indecisos. Discordam dos rumos do governo e sofrem com a crise
econômica, que, em grande medida, decorre da crise política, mas também sentem
o cheiro de algo estranho no ar.
A estes, os fatos da semana
podem ter sido pedagógicos. Tudo começou com a traição do PMDB à presidente
Dilma Rousseff, imortalizada numa foto constrangedora, que uniu Eduardo Cunha,
Romero Jucá e Eliseu Padilha como os futuros donos do poder, ao lado do
vice-presidente Michel Temer.
Em Portugal, num seminário
organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG), responsável maior pela crise, por não ter aceitado sua
derrotada nas urnas, voltou a defender que seu golpe não é golpe. E o senador
José Serra (PSDB-MG), que prometeu abrir o pré-sal à norte-americana Chevron,
disse que se os militares tivessem a mesma força do passado, o golpe já teria
ocorrido.
Democracia e
resistência. No campo oposto, a semana foi também marcada por
manifestações emblemáticas. No artigo mais importante da semana, o ator Wagner
Moura afirmou que Dilma está sendo vítima de um golpe clássico .
Ontem, foi a vez da atriz
Letícia Sabatella, em meio a diversos artistas e intelectuais, se pronunciar em
defesa da democracia, no Palácio do Planalto, mesmo sendo opositora ao governo
da presidente Dilma. À noite, Chico Buarque, uma das vítimas do golpe militar
de 1964, agradeceu aos jovens que se manifestavam em defesa da democracia no
Rio de Janeiro. Segundo ele, essas pessoas lhe davam a segurança de que a
tragédia do passado não se repetirá no presente.
A verdade é que nunca foi tão
fácil escolher entre o certo e o errado, não apenas no presente, mas também
diante da História. Fonte: Brasil 247.