247 – Diz um
ditado popular que "a Justiça tarda mas não falha". Outro afirmam
que, quando tarda, a Justiça falha. Isso porque, enquanto prospera, a injustiça
provoca danos muitas vezes irreparáveis.
Um caso concreto é o do
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conseguiu se manter presidente da Câmara
dos Deputados, mesmo depois de ser atingido por diversas denúncias de
corrupção.
Beneficiário de diversas
contas no exterior, em países como Suíça e Israel, ele foi apontado, em apenas
uma denúncia, como beneficiário de R$ 52 milhões em propinas, pagas pela
Carioca Engenharia.
A despeito de todas as
evidências, Cunha conseguiu se manter à frente do Poder Legislativo e, nessa
condição, aceitou um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff,
sem qualquer base legal – o que culminou na votação do último 17 de abril, o
Dia da Infâmia.
Cunha aceitou o pedido contra
Dilma por vingança, depois que o PT negou a ele três votos no Conselho de
Ética. E com domínio sobre uma bancada extremamente fiel, que ele próprio
ajudou a eleger, com doações de campanha, Cunha não só evitou sua cassação,
como fez com que o impeachment de Dilma fosse aprovado.
Nesta manhã, depois de todo o
estrago já feito, uma decisão liminar do ministro Teori Zavascki fez com que
Cunha perdesse não só a presidência da Câmara, como também o mandato de
deputado federal.
GOLPE ILEGÍTIMO. A
questão, agora, é: se o golpe foi conduzido por um personagem qualificado como
"delinquente" pelo procurador-geral Rodrigo Janot, ele ainda tem
legitimidade?
Desde a posse da presidente
Dilma em seu segundo mandato, Cunha sabotou sua administração com pautas-bomba
e o veto a qualquer iniciativa. Agora, Cunha vinha já negociando espaços na
administração Michel Temer e prometendo apoio total ao vice.
O correto, no entanto, seria
não só derrubar Cunha, mas, sobretudo, o golpe parlamentar que ele levou
adiante. Até porque, se pedaladas fiscais são motivos para afastar uma
presidente, o próximo deveria ser o governador Geraldo Alckmin. Fonte:
Brasil 247.