Confiante de que o plenário do Senado
aprovará nesta quarta-feira o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o vice
Michel Temer (PMDB) intensificou nesta terça os preparativos para assumir
interinamente o comando do País com o presidente do Congresso, Renan Calheiros
(PMDB-AL). A expectativa da cúpula do PMDB é de que por volta das 22h desta
quarta o resultado sobre a admissibilidade do processo de impeachment já seja
alcançado, o que acarretará no afastamento de Dilma do cargo por até 180 dias.
Diante de um quadro considerado como
irreversível até pelos governistas, Temer se reuniu nesta terça com integrantes
do grupo mais próximo do partido para definir a linha do pronunciamento que
pretende fazer, no fim da tarde de quinta-feira, horas depois de Dilma ser
notificada oficialmente da decisão.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo
apurou, Temer deve atender a imprensa no Palácio do Planalto. A ideia inicial é
o vice falar sem abrir espaços para perguntas dos jornalistas. Essa
sistemática, no entanto, ainda não foi fechada e o martelo deve ser batido em
novas reuniões previstas para ocorrer na manhã desta quarta, no Palácio do
Jaburu. Segundo interlocutores do vice, a ideia central do discurso será a de
que "não é momento para comemorar, não é um momento de vitória, mas, por
outro lado a esperança está no ar".
Temer também deve abrir espaços na
declaração para tratar da importância do prosseguimento das investigações da
Operação Lava Jato. Atualmente, alguns dos principais quadros do partido - como
o presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR) o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), afastado do comando da Câmara, e Renan Calheiros - estão no
centro das investigações. Diante de possíveis desgastes com a opinião pública,
Temer deve tratar a Lava Jato como um "patrimônio" a ser mantido.
Após o pronunciamento, integrantes do grupo mais próximo defendem que o vice
faça uma rodada de entrevistas começando pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, e
em seguida com os principais jornais e revistas nacionais.
Trâmites. Com a iminência do afastamento de Dilma, Temer se
reuniu na tarde de terça com Renan, na residência oficial do presidente do
Senado, para tirar as últimas dúvidas sobre os procedimentos que serão adotados
para ele assumir a Presidência da República. O encontro, feito a pedido do
vice, ocorreu um dia após Temer ser pego de surpresa com a tentativa de manobra
do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular o processo
de impeachment. O deputado foi orientado pelo advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo, e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). Após ser
enquadrado pela cúpula de seu partido, Maranhão recuou e revogou a decisão no
início da madrugada de terça.
"O presidente Michel se inteirou de
como o Senado vai tratar a questão amanhã (quarta) e também na
quinta-feira", afirmou Jucá, após a reunião. "Na quinta-feira, em
havendo a interinidade do presidente Michel, ele provavelmente já definirá a
nomeação dos novos ministros", emendou. Na reta final da montagem do novo
governo, Temer decidiu reduzir dos atuais 32 para 22 ministérios.
Segundo Jucá, que deverá assumir o
Planejamento na nova gestão, as mudanças na área econômica não serão anunciadas
no mesmo dia em que Temer assumir a Presidência. "As medidas econômicas
virão no devido momento, depois da discussão do ministro da Fazenda, que for
nomeado, com o presidente da República", ressaltou o peemedebista. Para o
comando da Fazenda deve assumir o ex-presidente do Banco Central Henrique
Meirelles. O senador ressaltou ainda que um dos primeiros desafios da gestão
Temer será o de definir e aprovar a meta de superávit fiscal do ano. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Fonte: Diário de Pernambuco.