Em
cerimônia fechada aos veículos de imprensa, o presidente Michel Temer não
agradeceu e não mencionou o nome nesta quarta-feira (23) de Marcelo Calero em
evento de posse do novo ministro da Cultura, Roberto Freire.
O
ex-titular da pasta pediu demissão na última sexta-feira (18) e acusou o
ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo a
liberar a obra de um empreendimento imobiliário no qual ele tem um apartamento.
O
agradecimento ao trabalho do ministro anterior é comum em cerimônias de posse
realizadas pela Presidência da República. No único momento em que se referiu a
Calero, Temer o chamou apenas de "outro companheiro".
Em
discurso, a uma plateia sem a presença de nomes de peso da classe artística ou
intelectual, o presidente disse que o Ministério da Cultura "ganha
muito" com Freire e afirmou que ele "vai salvar o Brasil".
"Nós
temos hoje a absoluta certeza de que o governo federal está ganhando muito. E
se o governo federal foi bem até agora, a partir do Roberto Freire vai ganhar
céu azul, velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil", disse.
O
peemedebista disse ainda que, quando assumiu o Palácio do Planalto, Freire era
sua primeira opção para pasta. No entanto, o novo ministro abriu mão do cargo
quando ela foi fundida ao Ministério da Educação, o que levou o presidente a
escolher o nome de Calero.
Temer
chamou de "grita" os protestos à época da classe artística contra o
rebaixamento da pasta e disse que, quando decidiu recriá-la, já havia
"outro companheiro" para assumi-la. O peemedebista ressaltou ainda
que dar posse a Freire é para ele uma "felicidade cívica e pessoal".
"Houve
uma grita natural na área cultural à junção das pastas e acho que nós,
alertados, devemos verificar a procedência ou improcedência dessas
contestações.
Quando são legitimas, você revê o
ato e foi isso que fiz. Mas, a essa altura, não foi possível levá-lo, porque já
havia outro companheiro na então Secretaria de Cultura", disse.
Em meio à polêmica, o presidente
fechou à imprensa a posse do novo ministro. A prática não é comum no Palácio do
Planalto. No governo peemedebista, o único ministro que havia até hoje tomado
posse em cerimônia fechada era o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
DIÁLOGO. Em entrevista
após a cerimônia de posse, Freire disse que não sabia que o evento seria
fechado e afirmou que pretende conversar com Calero para dar continuidade a
iniciativas da gestão anterior.
Como seu antecessor, ele criticou
a tentativa de se "satanizar" a Lei Rouanet, instrumento de
financiamento de atividades culturais por meio de isenção fiscal. O ministro,
contudo, ressaltou que pretende retirar no Congresso Nacional projeto que
altera a iniciativa para reavaliá-lo.
Freire ressaltou ainda que já
conversou com a presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), Kátia Bogéa, e que ela será mantida no cargo.
Segundo Calero, Geddel chegou a
ameaçar pedir a demissão de Kátia ao presidente Michel Temer caso o parecer
técnico do Iphan não fosse alterado. Em entrevista à Folha, contudo, Geddel
negou a acusação. Com informações da Folhapress. Fonte: Notícias ao Minuto.