As
sirenes abertas do carro dos bombeiros deu-nos a certeza de que retornava a
Guarabira o corpo inerte do inesquecível Dom Marcelo Pinto Carvalheira, primeiro
bispo da nossa Diocese (1981-1995), e na Catedral de Nossa Senhora da Luz, foi recebido
pelos padres, religiosos e multidão de fieis, onde ficaria exposto até a manhã
desta segunda-feira, dia 27.
Não
lhe faltou o povo a quem ensinou durante tantos anos os caminhos que conduzem aos
braços de Jesus, o Salvador. Diante do seu ataúde, a multidão desfilou
silenciosa e estupefata pela perda irreparável. Preces e lágrimas aqui e acolá,
eram os sinais do sofrimento da nossa gente.
A
cidade e dezenas de municípios da região, durante toda a noite se fizeram presentes
através de caravanas, visitando e se despedindo do corpo inerte de Marcelo
Carvalheira, o grande pastor, que tantas vezes elevou a voz dos púlpitos da
sagrada casa da Virgem da Luz, e de outras tantas igrejas na sua área de atuação
diocesana, em defesa dos excluídos, e levantou denúncias importantes e
destemidas contra os que fizeram do crime organizado uma forma de viver.
Não
poderia ser omisso na denúncia de perseguições ao seu povo, aquele que os
porões da ditadura brasileira não conseguiram calar, ainda que o tivessem feito
prisioneiro.
Os
humildes e os excluídos estão tristes, mas certamente esta Igreja não os
abandonará à sua própria sorte, pois tem quem haja aprendido na cartilha da
fraternidade cristã, trazida pelo coração de Marcelo Carvalheira quando aqui
esteve como Bispo, amigo e irmão.
Aos
prantos, Guarabira se despediu do seu primeiro bispo, Marcelo
Carvalheira, o Cidadão do Mundo. A nossa Igreja está sofrida, mas é
muito grande e forte o suficiente para continuar a sua jornada. Outros
sacerdotes da têmpera moral e religiosa de Marcelo Carvalheira, hão de surgir.
Dom
Marcelo, Cidadão do Mundo, siga em paz ao encontro do Altíssimo, pois
entendemos que lá é o seu legítimo lugar, e continue nos mostrando como amar ao
próximo e como mitigar o sofrimento dos mais pobres e dos pequeninos.