Artistas
de coletivos da cidade de São Paulo fizeram na tarde desta segunda (27) um
protesto contra o congelamento de 43,7% da verba da Secretaria Municipal de
Cultura da cidade neste primeiro ano da gestão João Doria (PSDB).
A
manifestação teve até geladeiras, levadas pelos artistas para simbolizar o
descongelamento do orçamento. Pintadas com os dizeres "cultura", por
fora, e "pública", por dentro, eram usadas em uma performance na qual
artistas entravam nelas para indicar o congelamento. Tochas e cuspidores de
fogo também eram usados para "descongelar".
Durante a
performance, artistas com o corpo pintado de prata e vestidos de caveira também
entravam e se posicionavam próximos às geladeiras.
Organizado
pela Frente Única de Cultura, formada por diversos coletivos, o ato começou
durante a tarde em frente ao Theatro Municipal. A ideia era que o protesto
acontecesse nas escadas do teatro, mas um gradeado impedia que os manifestantes
se aproximassem do prédio, o que foi alvo de críticas.
"No
Dia Internacional do Teatro, o acesso do público ao Theatro Municipal está
bloqueado", reclamou um dos organizadores ao microfone. No ato realizado
em fevereiro, não havia a barreira, e a manifestação pôde ser feita nos
degraus.
Em meio
às falas, a palavra de ordem "descongela já" era a mais popular. A
outra, "fora, Sturm", ganhou força quando o protesto se dirigiu à
secretaria da Cultura, onde pedia a saída do atual secretário, considerado pelo
movimento "um inimigo da Cultura" . O congelamento era tratado com
"um ato sem perdão".
Na frente
da secretaria, apesar dos pedidos, Sturm não apareceu. No lugar, o ator Pascoal
da Conceição interpretou Mário de Andrade (personagem que já havia vivido em
"JK" e "Um Só Coração", duas séries da Globo), que também
já ocupou o posto de secretário da Cultura da cidade.
"Sou
o Mário de Andrade do século 21", disse o artista, antes de declamar
"Ode ao Burguês", famoso poema do escritor. O ato, então, dirigiu-se
à prefeitura.
Em todo o
protesto, cantava-se uma música contra Doria, com as principais pautas do
protesto. "Escuta aqui, senhor João Doria / Acaso sabe vossa senhoria /
que Cultura não é mercadoria" e "Cultura está acima de partidos / É
pão e poesia".
No início
de 2017, a gestão Doria anunciou um congelamento de 43,7% da verba (equivalente
a R$ 197,4 milhões), o que, segundo os manifestantes, coloca em risco e
inviabiliza projetos culturais da cidade, como o Circuito Municipal de Cultura,
o Spcine, e a manutenção do Centro de Memória do Circo, além de programas de
fomento a dança, teatro, cinema e música.
O
congelamento integra proposta da prefeitura de contingenciar, em todas as
pastas, 25% das verbas para as chamadas atividades de custeio, e 100% das
verbas para bancar projetos.
Com isso,
contudo, programas como os de fomento ao teatro, ao circo e à dança foram
interrompidos.
Segundo
André Sturm, secretário municipal da Cultura, afirmou à Folha no começo de
fevereiro, eles acabaram indo parar sob a rubrica de "projetos" na
hora em que o orçamento foi votado na Câmara dos Vereadores. Ele afirmou ainda
que a situação estava sendo resolvida e nenhum fomento seria zerado. Com
informações da Folhapress. Fonte: Notícias ao Minuto.