Por
Aquiles Lins, enviado especial a Monteiro (PB)
Foto:
Ricardo Stuckert
A
cidade de Monteiro, no sertão da Paraíba, presenciou um evento épico, neste
domingo 19, dia de São José, em que a presidente eleita Dilma Rousseff, deposta
pelo golpe de 2016, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador
Ricardo Coutinho fizeram a inauguração popular da transposição do São Francisco,
uma obra que beneficia 12 milhões de nordestinos atingidos pela seca e é a
principal realização brasileira nas últimas décadas.
Idealizada
pelo Imperador Dom Pedro II em 1877, depois de uma grande seca no Nordeste, a
obra só começou a sair do papel no governo do ex-presidente Lula e foi
construída na gestão de Dilma. Duas semanas atrás, Michel Temer, que chegou ao
poder depois do golpe parlamentar de 2016, fez uma inauguração formal, mas teve
que se esconder da população, que não o reconhece como ocupante legítimo do
cargo que exerce. Neste domingo, mais de vinte mil pessoas se dirigiram a
Monteiro, num evento que foi chamado de "Lulapoalooza" e teve direito
a apresentação de artistas locais e de nomes consagrados, como o cantor e compositor
paraibano Chico César.
O
senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou os obstáculos da transposição.
"Diziam que era faraônica, diziam que não sairia do papel e a transposição
está aí. Isso é só o começo da redenção do Nordeste", afirmou. "O
povo quer de volta o maior presidente da História do Brasil. E quando o povo
quer, não tem Moro, não tem Globo, não tem Judiciário que
impeça". Vagner Freitas, presidente da Central Única dos
Trabalhadores, também discursou e disse que a história começou a mudar no dia
15 de março, quando 1,5 milhão de brasileiros foram às ruas contra a reforma da
Previdência. "Um Congresso corrupto não vai tirar nossos direitos",
disse ele. Em vários momentos, os discursos eram interrompidos com gritos de
"Fora Temer".
O
governador paraibano, Ricardo Coutinho, exaltou a figura de Lula. “Para fazer
essa obra não podia ser membro da elite, tinha que ser do povo, tinha que ser
de Garanhuns”, disse ele. Coutinho destacou, em sua fala da inauguração popular
da transposição do Rio São Francisco, a vitória do povo contra o
coronelismo. “Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era
carcaças de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar
a fome, não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não
tínhamos cisternas para o homem da terra.”
Dilma
falou do projeto recebido de Lula e de como executou a obra. “O presidente
Lula deixou um projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento.
Vejam vocês a cara de pau de dizerem que a obra podia ser feita e resolvida em
6 meses”, afirmou Dilma. Ela ainda declarou que o governo atual “nunca
levantou um dedo pela Transposição”, e chamou a população para votar as urnas
em 2018, elegendo Lula como presidente. “Esse golpe ainda está em andamento, e
não deixaremos que nos impeçam de competir em 2018. Ganharemos essa eleição em
outro de 2018. Vamos exigir que haja eleição, que os competidores não sejam
impedidos de competir. No tapetão não. Em 2018 teremos um encontro com a
democracia e vamos vencer mais uma vez as eleições", acrescentou.
"QUEREM
ME CRUCIFICAR".
No encerramento, um Lula emocionado também emocionou o público presente.
"Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus.
Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou.
“Se
querem crucificar, criem vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de
pessoas que eu sempre defendi. Essa gente não sabe o sofrimento do povo,
costuma dizer que o povo do Nordeste é ignorante, ignorantes são eles”,
acrescentou.
Lula
finalizou seu discurso afirmando que não sabe quanto tempo mais tem de vida,
mas garantiu que “se tiver um só minuto será para lutar, levantar o povo
nordestino”.
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Com informações do portal WSCom
Fonte: Brasil 247.