O
governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), deve anunciar um
corte nos salários dos professores e funcionários da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (Uerj) que ainda não iniciaram o ano letivo, nesta sexta-feira,
24. A expectativa é que a redução seja na casa dos 30%. Os detalhes estão sendo
definidos por Pezão e sua equipe.
As aulas
da Uerj deveriam ter começado no dia 17 de janeiro, mas o corpo docente avaliou
que a faculdade não tinha condições estruturais. Para a rádio CBN, Pezão disse
que pretende promover o corte já no salário de fevereiro, que está atrasado.
Por outro lado, afirmou que vai colocar em dia as contas da universidade.
A reitoria da universidade
informou que não irá comentar as declarações do governador. "A
universidade não foi oficialmente informada do fato e só irá se pronunciar
quando isso acontecer", comunicou, por meio de nota.
Já a presidente da Associação de
Docentes da Uerj, Lia Rocha, disse que o órgão recebeu com "surpresa"
a informação e ainda não foi notificado formalmente da medida. "Queríamos
saber como o governador pretende cortar um salário que ainda não recebemos e
nem temos previsão para receber. Ainda não recebemos o 13º, nem o salário de fevereiro.
O de janeiro foi parcelado. Estamos com dificuldade de compreender essa
medida", disse.
Lia também afirmou que os
professores não estão em greve. "Apenas os técnicos, como secretários e
funcionários dos recursos humanos, estão em greve. Nós estamos trabalhando, fazendo
a orientação de alunos, tarefas administrativas, a reforma curricular. Só não
estamos dando aulas porque os professores e a reitoria decidiram que não há
condições", afirmou.
Segundo a presidente da
associação, a faculdade está sem o serviço de limpeza, o restaurante
universitário não está funcionando, as bolsas dos alunos estão atrasadas e
houve cortes de funcionários da segurança e da manutenção dos elevadores.
"Se o governador realmente cumprir isso, nós vamos entrar com um mandado
de segurança na Justiça", disse.
A bancada de deputados do PSOL na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) enviou nota dizendo que "repudia de
forma veemente" a ação do governador. "É mais uma atitude criminosa
de um Estado que já não paga os salários, não repassa as cotas mensais da Uerj
desde o início do ano passado e não regulariza as bolsas de ensino. A volta às
aulas tem sido adiada sucessivamente por completa falta de condições mínimas de
salubridade para alunos, professores e funcionários", disse.
Durante a participação em uma
banca de concurso para professor da Faculdade de Direito da Uerj, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin comentou a situação precária da
universidade. "Eu dei aula por dois anos na Uerj, e espero que ela supere
essas dificuldades. Acho que vai superar", afirmou Fachin. Em sua fala, no
intervalo da banca, ele disse que a Uerj é "sua segunda casa", depois
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da qual foi aluno, professor e
diretor da Faculdade de Direito.
Procurado, o governo do Estado
ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão. Com informações do
Estadão Conteúdo. Fonte: Notícias ao Minuto.