O governo
de Michel Temer sofreu uma importante derrota nesta terça-feira (18) ao não
conseguir aprovar no plenário da Câmara dos Deputados a aceleração da
tramitação da reforma trabalhista.
Apenas
230 deputados votaram com o governo, com 163 contra.
Era
preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados para que a reforma
tramitasse em regime de urgência. O placar revelou uma relevante traição na
base de apoio de Temer.
A derrota
é simbólica porque o Palácio do Planalto queria usar a aprovação da reforma
trabalhista como exemplo de que tem votos suficientes para aprovar a outra
prioridade legislativa de Temer em 2017, a reforma da Previdência. Por ser
emenda à Constituição, ela precisa de mais votos ainda (60% dos deputados).
Com a
rejeição da tramitação em regime de urgência, a reforma só deve ser votada na
comissão especial da Câmara em cerca de duas semanas. O governo queria
aprová-la na comissão e no plenário já na semana que vem. A derrota deve
atrasar a tramitação também da reforma da Previdência.
O texto
muda vários pontos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e traz, entre os
principais pontos, a prevalência de negociações entre patrões e empregados
sobre a legislação e o fim da contribuição sindical obrigatória.
'DESGRAÇA'. A oposição protestou durante toda
a sessão, afirmando que a base de apoio de Temer quer precarizar os direitos
trabalhistas. Deputados portaram cartazes com referências às delações da
empreiteira Odebrecht e afirmando que a aprovação do requerimento é um golpe
contra os trabalhadores.
O ápice
do protesto aconteceu quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se
levantou momentaneamente de sua cadeira. A ex-prefeita de São Paulo Luiza
Erundina (PSOL-SP), que é da oposição, se sentou rapidamente no lugar de Maia
anunciou ao microfone: "Passo a palavra ao deputado Rogério Marinho (PSDB-RN),
que é o relator dessa desgraça."
Maia
retomou a presidência logo depois.
"Alcançamos
uma vitória talvez inimaginável, não imaginávamos que fossemos conquistar essa
vitória. Mostramos que não aceitávamos retirar direitos dos trabalhadores para
retirar o foco da corrupção, a base do governo ficou nervosa, se desesperou e
foi derrotada. Se a reforma trabalhista não alcança maioria absoluta, imagina a
reforma da Previdência", afirmou Alessandro Molon (Rede-RJ).
"Era
necessário que aguardasse que mais deputados votassem. Os deputados que tomaram
de assalto a bancada podem ter tido alguma influência", disse o relator
Rogério Marinho, se referindo ao protesto comandado por Erundina, entre outros.
Com informações da Folhapress. Fonte: Notícias ao Minuto.