Morreu nesta quarta (26) aos 79
anos o jornalista Carlos Chagas. Um dos comentarista mais influentes da
política brasileira, Chagas teve um aneurisma na aorta. Nascido em Três Pontas
(MG) em 1937, faria 80 anos no dia 20 de maio.
Carlos Chagas teve uma extensa
carreira como jornalista político. Alguns de seus momentos de maior
visibilidade vieram do período em que trabalhou como secretário de Imprensa do
general Costa e Silva, durante a ditadura militar (1964-1985).
Foi um período de acirramento da
repressão política. Sob o comando de Costa e Silva, foi baixado o Ato
Institucional número 5 (AI-5), que eliminou algumas liberdades individuais que
haviam sobrevivido ao golpe de 1964.
Chagas foi o porta-voz destas e
outras medidas draconianas. Mais tarde, aproveitou sua intimidade com os
bastidores do poder para produzir uma série de 20 reportagens que ganhou o
prêmio Esso de Jornalismo de 1970.
Intitulado "113 dias de
Angústia - Impedimento e Morte de um presidente", depois transformado em
livro, o trabalho abordava o dia a dia de Costa e Silva até sua morte (1969).
Segundo Chagas, apesar da fama de
linha dura, Costa e Silva pretendia dar passos rumo à democratização do país,
chocando-se várias vezes com a ala mais dura do regime.
Formado em direito pela PUC do
Rio e professor da Universidade de Brasília durante 25 anos (ministrou cursos
de Ética dos Meios de Comunicação e História da Imprensa), Chagas ingressou no
jornalismo em 1958 como repórter de "O Globo", ao mesmo tempo em que
estudava.
Helena Chagas, uma de suas duas
filhas e que também ocupou cargo similar ao do pai no primeiro governo Dilma
Rousseff, revela o motivo da conversão definitiva. "Depois de se formar,
papai passou no concurso para o Ministério Público no Rio", conta.
"Um dia, ele foi encarregado de processar uma pessoa humilde acusada de
uma transgressão de pequena importância. Então ele disse: não posso processar
este homem". E decidiu abandonar o posto de promotor para se dedicar
integralmente aos meios de comunicação.
Na mídia impressa, Chagas
trabalhou também durante 18 anos em "O Estado de S. Paulo" e escreveu
colunas para vários jornais. Também foi autor de livros como "O Brasil sem
Retoque - 1808-1964"; "Carlos Castello Branco: o Jornalista do
Brasil"; e "Resistir É Preciso".
Chagas teve extensa carreira em
outros veículos de mídia. Trabalhou na CNT, na extinta Rede Manchete, na Rede
TV e no SBT. No rádio, fez comentários na Jovem Pan.
O fato de ser identificado como
conservador, sobretudo pela experiência no regime militar, não impediu Chagas
de atuar com o brizolismo. Coube a ele ancorar programas políticos de Leonel
Brizola quando este se candidatou a presidente, nas eleições de 1989.
Segundo Helena, os dois eram
muito amigos. Chagas não cobrou nada pela tarefa. E votou em Brizola mais por
laços de amizade do que por alinhamento ideológico, diz a filha. "O
círculo de amizades do papai sempre foi muito ecumênico, até pela sua condição
de jornalista político".
Além da Helena, Carlos teve a
filha Claudia, que trabalha no Ministério Público e integra a equipe de
procuradores do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Deixa também a
mulher, a terapeuta Enila, com quem estava casado havia 57 anos, quatro netos e
dois bisnetos.
O corpo será velado na manhã
desta quinta-feira (27), no cemitério Campo da Esperança, em Brasília. O
enterro será à tarde. (Folhapress) Fonte:
Notícias ao Minuto.