O cantor, que se considera “muito politizado”, revelou que já recebeu
convites para se candidatar. “Já conversei com alguns políticos, eles ficam
impressionados com meus conhecimentos políticos. Mas não tenho vocação pra
exercer”, explicou ele.
Zezé também falou sobre a situação atual brasileira e disse que o país
nunca passou por uma ditadura.
“Eu vou falar um absurdo aqui para você, vão me criticar, jornalistas
vão falar de mim, achar que sou um maluco. Você sabe que o momento em que a
gente vive hoje no Brasil, o Brasil lutou muito pela democracia, mas eu fico
com pena de como os nossos políticos usaram aquela liberdade que nós
conquistamos, que era sair do militarismo. Muita gente confunde militarismo com
ditadura, todo mundo fala ‘nós vivíamos numa ditadura’. Nós não vivíamos numa
ditadura, nós vivíamos num militarismo vigiado. Ditadura é a Venezuela, Cuba
com Fidel Castro, Hungria, Coreia do Norte, China, esses são realmente
ditadores. O Brasil nunca chegou a ser uma ditadura daquelas que ou você está a
favor ou você está morto“, declarou.
Leda lembrou que na época em que os militares tomaram o poder em 1964 (e
lá permaneceram por 21 anos) houve muitas prisões, tortura e mortes.
O cantor minimizou: “Mas não chegou a ser tão sangrenta, tão
violenta, como a gente vive até hoje, no mundo de hoje. Não dá pra acreditar que
muita gente ainda acredita que uma ditadura vai dar certo. Mas eu acho, eu
acredito, as pessoas vão me achar maluco, não quero isso jamais pro Brasil, mas
eu imagino que o Brasil hoje precisaria passar por uma depuração. O Brasil até
podia pensar no militarismo para reorganizar a coisa e ‘entregar’ de novo“.
Ditadura militar no Brasil. Em 31 de março de 1964, militares
contrários ao governo de João Goulart (PTB) destituíram o então presidente e
assumiram o poder por meio de um golpe. O governo comandado pelas Forças
Armadas durou 21 anos e implantou um regime ditatorial. A ditadura restringiu o
direito do voto, a participação popular e reprimiu com violência todos os
movimentos de oposição.
Na economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista
que produziu resultados bastante contraditórios, já que o país ingressou numa
fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar a
maioria da população, em particular a classe trabalhadora.
A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968,
representou o fechamento completo do sistema político e a implantação do
período mais perverso da ditadura. O AI-5 restringiu drasticamente a cidadania
e permitiu a ampliação da repressão policial-militar. Exílios, prisões,
torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência
repressiva imposta à sociedade.
Siglas como Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e Doi-Codi
(Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna)
ficaram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. Com a censura, todas
as formas de manifestações artísticas e culturais sofreram restrições. Fonte:
Pragmatismo Político.