O deputado
federal e ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PP-PR), no dia em que o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tornar o senador Aécio Neves réu
por corrupção passiva e obstrução da Justiça, subiu à tribuna da Câmara para,
sem se referir diretamente ao tucano, afirmar que foi pressionado por ele
enquanto esteve à frente da pasta.
"Quem
já foi candidato a presidente da República e que foi colhido em ligação
telefônica com o acusado Joesley Batista em que demostrava revolta com minha
conduta quando ministro da Justiça por me recusar a ceder às suas pressões
objetivando a indicação de delegado da PF de sua preferência para investigar
suas ações delituosas", discursou Serraglio, na última terça-feira (17).
O
deputado se referiu ao diálogo gravado pelo dono da JBS, delator da Lava Jato,
que mostra Aécio falando sobre sua insatisfação com a postura de Serraglio no
ministério. Isso porque, de acordo com o senador, ele não controlava a PF e
força-tarefa.
Logo em
seguida, ele também disse que sofreu o mesmo tipo de pressão por parte do
senador Renan Calheiros. "Pressões semelhantes advieram do senador Renan
Calheiros, ex-presidente do Congresso, multi-investigado pela Polícia Federal.
Por aí, já se descortinam algumas das razões de alto nível político-partidário
que instabilizaram minha permanência na pasta", declarou.
Osmar
Serraglio, de acordo com informações do portal G1, deixou o Ministério da
Justiça em maio do ano passado, menos de três meses após sua posse.
O
deputado, no entanto, destacou que só dará mais detalhes sobre os episódios
quando for chamado pela Justiça, como testemunha, no inquérito que investiga o
mineiro.
A
assessoria de Aécio Neves se pronunciou. Por meio de nota, disse que ele jamais
tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de qualquer
inquérito, e que na conversa com Joesley só demonstrou inconformismo em relação
aos inquéritos abertos "sem qualquer base fática e pela demora para
conclusão deles". O texto também afirma que Aécio pediu desculpas a
Serraglio, logo após a divulgação dos áudios, por ter sido flagrado usando
termos desrespeitosos contra o deputado.
Já a assessoria
de Renan Calheiros, também por meio de nota, disse que não se prestaria a
falar com Osmar Serraglio e que virou oposição ao governo Temer justamente
quando ele assumiu o ministério. O texto diz que ele jamais se relacionou com
esse grupo político. Fonte: Notícias ao Minuto.