Por
Laurentino Gomes.
Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do
bandeirante Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra.
Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio
histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão.
Genro de Fernão Dias Paes Leme, o paulista Manuel de Borba Gato fez fama
e fortuna na segunda metade do século XVIII percorrendo os sertões brasileiros
à caça de indígenas para escravizar. Era também um fugitivo da lei e contrabandista
de ouro.
Acusado de matar dom Rodrigo de
Castelo, fidalgo português administrador-geral das Minas, em 28 de agosto de
1682, Borba Gato tinha se acobertado com seu bando na região dos Rio das
Velhas, em Minas Gerais.
Nas vizinhanças do refúgio de Borba
Gato estava localizada a Serra de Sabarabuçu, atualmente no município de
Sabará, a 23 quilômetros de Belo Horizonte, de onde brotariam as primeiras
pepitas de ouro por volta de 1694.
Hoje acredita-se que, por mais de
uma década, Borba Gato tenha mantido segredo da descoberta, para não atrair a
cobiça de concorrentes, os cobradores de impostos da coroa portuguesa e, em
especial, obter perdão real para o crime que havia cometido. Foi, de fato, o
que aconteceu.
Em troca da localização das minas, o
rei de Portugal não apenas anistiou o bandeirante como lhe cumulou cargos e
honrarias. Num piscar de olhos, Borba Gato deixou de ser um criminoso fugido da
lei e foi imediatamente promovido a fígado e guarda-mor das Minas de Caetés.
Com dez metros de altura e vinte toneladas
de peso, a atual estátua de Borba Gato no bairro de Santo Amaro, em São Paulo,
é feia que dói. Ainda assim, deve lá ficar. Mas ao passar por ela, as pessoas
devem saber quem foi o personagem e como foi parar no panteão dos heróis
nacionais.
Fonte:
PRAGMATISMO POLÍTICO.
OPINIÃO DO BLOG: Vamos mais além dessa
excelente opinião do nosso historiador Laurentino Gomes e expressamos também repúdio
à ideia de substituição de nomes de equipamentos públicos por outros mais
atuais, como se aqueles que aparecem na história citadina não significassem
nada.
Ora, se encontramos alguma homenagem secular ou até de espaço de tempo
menor, numa determinada área geográfica, há que ter uma razão para o fato. E
por que substituir a homenagem passada, vivida num outro momento histórico? É por
não conhecermos as razões que justificaram o fato e se pesquisarmos não
encontramos escritos sobre o assunto?
Ora, hoje combatemos os que destruíram a história escrita ou oral e
queremos proceder da mesma forma?
Cada momento tem a sua história, tem o seu povo!!!
