sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UM ALFAIATE ILUMINADO


Neste ano de 2010, me diz a amiga Girlene Fernandes que o Pavilhão da Luz homenageia, merecidamente, ao saudoso Anísio Alves Dantas, alfaiate de mão cheia, que tanto encheu de orgulho as grandes noites festivas dos salões de bailes do Clube Recreativo e dos pavilhões da nossa tradicional Festa da Padroeira.

Aqui estabelecido desde 1930, Anísio Paixão, assim conhecido desde seu berço natal Bananeiras, do alto do tablado da sua alfaiataria, fez com que a elegância se fizesse presente às grandes solenidades e acontecimentos sociais, em que a moda se tornava exigência comum aos homens de bom gosto. Quais jovens e senhores bem sucedidos, não sentiram a sabedoria das suas mãos compenetradas comandando a trena e o giz, a delinear-lhes o perfil para uma vestimenta nobre? Era um alfaiate iluminado ao manusear a trena, a tesoura e a agulha. Aí, era um sábio.

Muito criativo e folião da melhor qualidade, entre os anos 50/60, fez-se sempre presente no carnaval de rua com as suas troças belíssimas e surpreendentes, chamando a atenção do público que embevecido o aplaudia, à esquinas da rua da Baixinha, atual Osório de Aquino, entre o Banco do Povo e a loja de Leonel Ferraz. Tomava a atenção popular pelas idéias que expunha, inteligentemente.

Religioso, junto a Quina sua esposa, dividiu o trabalho para garantir o sustento do lar, e dela fez o instrumento nobre maior, para educar os três filhos. Desportista, cumpriu com a sua responsabilidade como amador e compôs o elenco principal do Guarabira Esporte Clube de então, jogando com responsabilidade e disciplina absoluta.
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Foi um cidadão que se impôs pelo respeito dedicado à cidade que o acolheu e lhe serviu orgulhosamente como tantos nunca o fizeram, devotando-lhe amor e dedicação. Enquanto conosco conviveu, Anísio cumpriu o seu papel junto a sociedade, sem procurar crescer sufocando o espaço dos outros e sem fomentar discórdias perante os irmãos. Era um homem sereno.

Faço minhas as palavras do escritor guarabirense Ednaldo Alves, (Guarabira, um olhar sobre o passado; 2007) quando detalha Anísio como “figura excepcional que nos propiciou tantas alegrias e exemplos, criando com amor e dedicação a família e reservando uma parte do seu profícuo tempo, em benefício da terra comum”.

Dizem os mais sábios que o tempo é o senhor da razão e décadas depois, eis que Guarabira o reverencia, Anísio, através da sociedade de cujos ancestrais você foi um grande servidor. E o faz justamente, no mesmo espaço social e festivo a que sempre esteve tão presente e num momento mais que oportuno, por tudo de grande que representou para o engrandecimento da Terra de Beiriz.

Que bom, Guarabira, saudar a ANÍSIO PAIXÃO, que tanto lhe deu e nada exigiu.