Aprendi durante minha
existência que nunca é tarde para se receber ações da Justiça dos homens, ainda
que o tempo decorrido para elas cheguem, pareçam uma eternidade.
Desde segunda-feira, 24 de
setembro, os telejornais do país divulgaram a notícia de que o registro de
óbito do jornalista, professor e dramaturgo Vladimir Herzog, naturalizado
brasileiro, ativista dos movimentos contra a ditadura militar imposta ao Brasil
em 1964, seria modificado para apresentar definitivamente a verdadeira causa da
sua morte, ocorrida em 1975.
Vladimir morreu nas
dependências internas do II Exército de São Paulo (DOI-CODI) depois de muito
torturado em interrogatórios, coisa muito comum nos tempos da ditadura militar
brasileira, porém, quando do fornecimento do laudo necroscópico e do atestado
de óbito, a causa da morte teria sido suicídio por “asfixia mecânica”, ou
enforcamento. E, curiosamente, à época, foi exposta uma fotografia de Herzog
pendurado por uma corda presa ao pescoço, numa sala, onde supostamente teria
cometido o ato.
Até hoje, a família de
Herzog nunca se conformou com a explicação oficial dada à morte do jornalista
(asfixia mecânica ou enforcamento), conforme quiseram fazê-la verídica as
autoridades de então, pelo que contestando firmemente, se valeu da Comissão
Nacional da Verdade que fez chegar á Justiça paulista em 30 de agosto, o
documento de óbito para a devida retificação.
Para melhor fundamentação, a
Comissão enviou também à Justiça, cópia da sentença declaratória e de acórdãos
em tribunais que mantiveram a sentença de 1978 que não havia prova alguma de
que Herzog se suicidara.
A retificação da Certidão de
Óbito do jornalista Vladimir Herzog, deverá conter a expressão “lesões e maus
tratos” em lugar de asfixia mecânica como teriam mencionado os representantes
da ditadura militar.