Millôr
Fernandes (1923-2012) deixou uma legião de fãs e alguns discípulos, como o
humorista Reinaldo Figueiredo, membro do Casseta & Planeta que, quando
pequeno, se divertia lendo o autor na revista O Cruzeiro. "Aquilo dava
vontade de sair desenhando e escrevendo", relembra.
Depois,
passou a acompanhar todos os passos do mestre na Pif Paf, no Pasquim, na Veja,
etc. "Mais adulto, pensando nisso de novo é que entendi o motivo dessa
minha reação de leitor infanto-juvenil. É que aquelas páginas davam uma
sensação de liberdade total e de que tudo é possível. Duas páginas onde podia
acontecer muita coisa: artes gráficas, desenho, poesia, sátira política,
fábulas, filosofia, teatro, crônica, paródias de estilos variados. Isso tudo me
influenciou", explica.
Reinaldo
está lançando "A Arte de Zoar", uma coletânea de cartuns, e é um dos
convidados da Festa Literária Internacional de Paraty que reúne, até domingo,
dia 3, no litoral fluminense, escritores de 15 nacionalidades e presta
homenagem ao profissional de múltiplos talentos que foi Millôr, jornalista,
humorista, artista gráfico, caricaturista, cartunista, escritor, dramaturgo e
tradutor. Além de trazer o autor para o centro de debates, a homenagem motivou
o lançamento e relançamento de mais de uma dezena de livros.
Produtos – "Millôr escreveu certa vez que
aceitaria tudo, menos uma estátua, então nós nos esforçamos para não erguer uma
estátua de bronze e fazer uma homenagem calorosa, colorida", comenta o
curador do evento, Paulo Werneck.
Entre
os lançamentos, destaca-se "Millôr 100 + 100: Desenhos e Frases", com
material selecionado por Sérgio Augusto e Loredano no acervo do homenageado,
que está sob a guarda do Instituto Moreira Salles. A obra será lançada hoje, na
Casa IMS, que abrigará ainda uma mostra de desenhos de Millôr. Pela Nova Fronteira,
sairão o inédito "Guia Millôr da História do Brasil: de Cabral a
Lula" e os infantis "ABC do Millôr" e "Poesia
Matemática", com novas ilustrações de Ana Terra e Ivan Zigg,
respectivamente.
Já
a Companhia das Letras lança "Tempo e Contratempo", primeiro título
dele, publicado em 1949 com poemas, contos, crônicas, sátiras e piadas visuais
que saíram na Pif Paf, e ainda "Esta É a Verdadeira História do
Paraíso", "Essa Cara Não me É Estranha e Outros Poemas" e
"The Cow Went to the Swamp - A Vaca Foi Pro Brejo" - seu antimanual
de tradução.
Mas
Millôr foi, também, tradutor sério e a L&PM reúne, em "Shakespeare
Traduzido por Millôr Fernandes", seu trabalho com as peças Hamlet, Rei
Lear, A Megera Domada e As Alegres Matronas de Windsor. A editora gaúcha manda
para as livrarias a 16ª edição de "Millôr Definitivo - A Bíblia do
Caos", que está completando 20 anos e que traz 5.299 frases.
Relança
ainda os livros de bolso "Kaos", "O Homem do Princípio ao
Fim", "Poemas e Hai-Kais. Por falar em haicais, sairá, pela Edições de
Janeiro, Haicai do Brasil, organizada por Adriana Calcanhotto - Millôr
Fernandes é um dos 33 autores da obra.
Maria
Fernanda Rodrigues
Agência
Estado
Fonte:
Diário do Nordeste