Uma cerimônia celebrada neste domingo em Colmar, na
região francesa da Alsácia, lembrou os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial. Em memória dos 30 mil
soldados franceses e alemães que perderam a vida no monte Hartmannsweilerkopf,
na fronteira entre os dois países, os presidentes da França, François Hollande,
e da Alemanha, Joachim Gauck, colocaram cruzes no local onde em 2017 será
inaugurado um memorial.
Gauck ressaltou que a montanha, também chamada de
“devoradora de homens” (do francêsmangeur d’hommes), simboliza, como
poucos lugares, o absurdo e o quão assustadores foram aqueles anos entre 1914 e
1918. “A Primeira Guerra foi um dos períodos mais terríveis e sombrios de nossa
história comum”, afirmou o presidente alemão.
Ele ressaltou ainda que o fanatismo levado até o
sacrifício próprio foi resultado da “aterrorizante cegueira intelectual e
moral”. “Aqui, a Europa traiu o que seus valores, sua cultura e sua civilização
promoveram”, afirmou Gauck. O presidente disse que o nacionalismo extremado
levou a Alemanha a entrar em duas guerras no século passado e a lutar contra a
França por duas vezes.
MODELO DE RECONCILIAÇÃO PARA O
MUNDO.
– A Europa conseguiu superar a guerra – afirmou
Hollande em seu discurso. “Depende bastante da relação de amizade entre alemães
e franceses para que o sonho de se chegar ao ideal europeu permaneça, e uma
vida em paz seja garantida. É dever de cada geração defender a paz.”
Para o presidente francês, a reconciliação entre
França e Alemanha, as duas maiores economias da Europa, poderia servir de
exemplo para o mundo. Os dois países compartilham o mesmo ponto de vista no que
diz respeito à crise na Ucrânia, por exemplo, acredita Hollande. Ele ainda
ressaltou: “relembrar o passado não é nostalgia, é aprender com a história.”
– Depois de a Alemanha ter atacado a França tanto
na Primeira, quanto na Segunda Guerra, nós alemães agora só podemos ver essa
reconciliação como um presente – afirmou Gauck durante a cerimônia no alto das
montanhas de Vosges. Para ele, a Europa junta não é um “capricho da história”.
Gauck destacou que as instituições europeias são
uma segurança contra aberrações e tentações. Ele ainda alertou sobre tendências
populistas que pregam ideias “baratas” com slogans antieuropeus. “Aprendemos,
por meio de lições dolorosas, a transformar a polarização em diversidade”,
afirmou.
Nesta segunda-feira, na Bélgica, o presidente
alemão participa da cerimônia europeia em lembrança dos 100 anos do início da
Primeira Guerra. Representantes de outros 30 países são esperados no evento.
No dia 3 de agosto de 1914, o então Império alemão
declarou guerra à França. O conflito, inicialmente restrito aos dois países,
acabou se transformando na Primeira Guerra Mundial.
Fonte: Correio do
Brasil