Enquanto a nação se debate em grave crise político-econômica com efeitos
devastadores nas classes produtoras e trabalhadoras, as elites dirigentes se
engalfinham pelo poder.
Ubi advenimus! Onde
chegamos! Exclamava o apóstolo Paulo na estrada de Damasco. Para coroar este
desencontrão, as elites do país criaram esta Medusa denominada Lava Jato, cujos
olhares só veem de um lado, coordenada por um intocável julgador que
desrespeita direitos, prazos processuais, tipificação de delitos, e, afinal,
arranca de presos aterrorizados “delações premiadas”.
No século XV, o inquisidor-mor do
Santo Ofício Torquemada condenava milhares de hereges à fogueira cujos
lancinantes gritos se perdiam em meio ao crepitar das chamas; cinco séculos
depois, o Torquemada tupiniquim da Lava Jato lança os acusados na fogueira dos
holofotes de poderosas redes televisivas, condenando-os ao ódio da sociedade e
fazendo desabar sobre eles o enxovalhamento público.
Olhemos a Europa e os EUA como
prendem e julgam acusados de crimes. Na Lava Jato, prende-os, lança-os ao
Tribunal da Mídia para a condenação e execração pública e depois os julga sem
apelação.
Basta! Esfarrapa-se o devido
processo legal e se renega o Direito e a vida dos direitos.
Visualizemos este tão maltratado
Brasil, sangrado por uma privilegiada minoria, cuja mente criou a cultura do
cinismo.
E por esta doutrina, haja
mentiras e engodos para embair o povo brasileiro! Eis uma delas: “Que carga
tributária pagamos!” Quem carrega todo o peso da carga de impostos? O
consumidor final e os assalariados.
Ponha-se um basta na insensatez.
Cessem as porfias de campanário e falem honestamente ao povo brasileiro.
Digam que a quase totalidade dos
nossos aeroportos e portos está sucateada. Que fazer? Privatize-os.
Digam que 50 mil km de rodovias
estão em estado precário. Quem deve suportar o ônus com a construção de novas
rodovias e reparos? As empresas de carga e transporte coletivo. Cento e
cinquenta bilhões de reais são arrancados do Tesouro Nacional para manter a
malha rodoviária.
Digam que os bilhões de reais
gastos pelos brasileiros com compras de bugigangas e produtos supérfluos nos
EUA precisam ser taxados por altas alíquotas.
Paremos um pouco. Dirijo-me ao
ministro Ricardo Lewandowski. Na história da humanidade o poder decisório
enfeixado nas mãos de um único homem o faz um déspota ou messias. Sugiro a V.
Excia, a fim de deter o espetáculo do estrelismo qu e faz de Themis, a deusa da
justiça, megera de todas as paixões, para que seja constituída equipe de juízes
com o objetivo de coordenar a operação Lava Jato.
Que fique esta interrogação nas
palavras finais.
Que excrescente processo de impeachment
é este? Tem a presidi-lo um Sumo Sacerdote da corrupção e do cinismo.
Face a este tétrico cenário, os
nossos antepassados no silêncio infinito de suas tumbas soluçam.
Da Assessoria de Imprensa do escritor Agassiz Almeida.
(Nota: Agassiz Almeida,
escritor, ativista dos direitos humanos, Promotor de Justiça aposentado,
professor da UFPB. Autor de obras clássicas da literatura brasileira.
Participou das frentes de luta contra as ditaduras no Brasil, no Chile de
Pinochet e em Portugal de Oliveira Salazar. (Dados colhidos no Google e na
Wikipédia).