247 - O
senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) diz que o vice-presidente Michel Temer (PMDB)
lhe telefonou na véspera da viagem para os Estados Unidos preocupado com a
difusão do discurso de que "há um golpe em curso no país" e pedindo
ajuda para desmontar a tese.
Presidente da Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Aloysio afirma em entrevista à
BBC Brasil que defenderá a legitimidade do impeachment em suas reuniões com as
autoridades norte-americanas.
"Conversei pouco antes de vir com Temer,
quando ele manifestou preocupação com esse tipo de orquestração promovida pelo
governo brasileiro, que é profundamente lesiva aos interesses permanentes do
país. Uma das coisas que nos distinguem de muitos desses Brics (bloco formado
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e outros que concorrem
conosco por investimentos internacionais é ser um país onde as instituições
democráticas funcionam normalmente, os direitos são respeitados, a imprensa é
livre, há segurança jurídica", disse o tucano.
Na entrevista, o senador
critica o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA),
Luis Almagro. "Creio que o diálogo com esse senhor não resultará luz
nenhuma. Ele se transformou num propagandista desta tese que o PT vem
sustentando, de que há em curso um golpe no Brasil", afirma.
O tucano diz não ver problemas
que o impeachment na Câmara tenha sido conduzido por Eduardo Cunha. "Ele
tem essa função. É o presidente da Câmara e será presidente da Câmara até fim
do ano. O que está sendo julgado no impeachment não é o presidente da
Câmara, é a presidente Dilma Rousseff. Ela cometeu delitos que são próprios da
Presidência da República", ressaltou.
Ele ainda defende que o Brasil
mude suas relações com outros países da América do Sul. "O PT, durante
muito tempo, fez política externa baseado numa convicção de que os EUA eram uma
potência decadente, um país imperialista, e era preciso então que o Brasil se
alinhasse a um novo bloco. Isso levou a um desvirtuamento do Mercosul, que de
bloco econômico visando a facilitar trocas comerciais e investimentos se
transformou em plataforma política. E levou a um alinhamento com países como
Venezuela, Equador, Bolívia, com prejuízos de interesses brasileiros. Nós
queremos mudar isso. Os EUA têm de ser um grande parceiro nosso", afirmou.
Fonte:
Brasil 247.