247 – O empresário
Júlio Camargo, um dos principais colaboradores da Operação Lava Jato, que apontou
contas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no exterior e se disse ameaçado por ele,
quebrou o silêncio e concedeu sua primeira entrevista, ao jornalista Henrique
Beirangê, da revista Carta Capital.
Segundo ele, um impeachment conduzido
pelo presidente da Câmara "é surreal". "De qualquer forma,
tenho certeza, a verdade tarda, mas não falha. Vai chegar a hora do julgamento
dele. Se a gente quer de fato mudar este País, o Cunha precisa ser extirpado do
cenário", disse ele.
Para Camargo, Cunha debocha da sociedade
brasileira e conta com a cumplicidade do Poder Judiciário. "Acho um
desacato ao povo brasileiro. Entendo e respeito os ditames do Judiciário. O que
me espanta é a morosidade. São muitos fatos concretos sem nenhuma ação da
Justiça a respeito", afirmou.
TEMER NA LAVA JATO. Sobre
o vice-presidente Michel Temer, ele também fez um alerta: "Quem será o
novo presidente? O 'grande jurista' e vice-presidente Michel Temer tem seu nome
vinculado à Lava Jato. Se o Eduardo Cunha se tornar o presidente, seria o fim
da nação. Tenho 64 anos e já fui convidado para morar fora do País. Nunca
pensei, mas se o Cunha assumir o governo, não haveria alternativa."
Em relação ao senador Aécio Neves
(PSDB-MG), ele também o colocou numa má situação. "Está na mesma posição
do Michel Temer, hoje sob suspeição. Não votaria no Aécio de jeito
nenhum."
Camargo disse ainda que Lula foi o maior
presidente da história do País. "O Lula foi o maior presidente da história
do Brasil, ninguém pode dizer nada em contrário. É uma vítima de um processo
eleitoral e do sistema político. Evidentemente ele foi muito mal assessorado
durante os últimos anos, cometeu falhas. Também não o considero apto a voltar à
Presidência. Talvez ele e o Fernando Henrique Cardoso poderiam ser os
articuladores de uma grande aliança nacional. Os dois precisariam, no entanto,
se penitenciar, calçar as sandálias da humildade." Fonte: Brasil 247.