Por Leonardo Attuch – (Jornalista
e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste).
Qualquer que seja o resultado da votação do
processo de impeachment neste domingo, o Brasil ainda não terá encontrado uma
solução definitiva para seus problemas políticos, que arrastam a economia para
a mais profunda depressão de sua história.
O motivo é simples. Se a presidente Dilma
Rousseff vencer a disputa, terá sido por uma margem apertada de votos – o que
evidenciará seu problema maior, que é dificuldade para organizar uma base
estável de apoio político no Congresso.
No campo oposto, se o impeachment vier a ser
aprovado, Michel Temer ainda terá sua legitimidade questionada por amplos
setores da sociedade. Não custa lembrar que, numa eventual eleição
presidencial, ele teria apenas 1% dos votos.
Dilma teria, portanto, que reconstruir suas
relações com parlamentares que considera traidores e golpistas. Temer, por sua
vez, precisaria de resultados rápidos, sobretudo na economia, para conseguir
respirar. Até porque, mesmo que o afastamento de Dilma venha a ser confirmado
pelo Senado, Temer ainda seria um presidente provisório, até o julgamento
definitivo de Dilma.
Dada a fragilidade dos dois principais atores,
será cada vez mais importante o papel do presidente do Congresso Nacional,
senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Embora não vá segurar o impeachment, Renan
não será um mero carimbador do processo da Câmara. Portanto, não será surpresa
se Renan, que sonha com o parlamentarismo, decidir tirar algum coelho da
cartola. O Brasil de hoje se vê entre a ingovernabilidade de Dilma e a
ilegitimidade de Temer.
Fonte: Brasil 247.