O
deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) confirmou à reportagem na tarde
desta quinta-feira (23) que aceitou o convite de Michel Temer para comandar o
Ministério da Justiça e disse que acertou com o presidente da República o
compromisso de manter "distância" da Operação Lava Jato.
Por volta
das 16h30, Serraglio disse ter recebido a informação de que sua nomeação fora
oficializada pelo Palácio do Planalto, apesar das críticas públicas da bancada
do PMDB de Minas Gerais.
Até as
17h, porém, a informação da nomeação não havia sido confirmada pelo governo.
"A
ordem é manter distância [da Lava Jato], porque a gente sabe que qualquer coisa
que você faça, você se contamina, então é pra deixar pra lá", disse
Serraglio.
A Polícia
Federal está sob o guarda-chuva administrativo do Ministério da Justiça. Questionado
se esse cenário de distanciamento é factível apesar de vários caciques do seu
partido serem alvos da operação, o peemedebista reforçou o discurso:
"Imagina um ministro da Justiça pedir para alguém tergiversar nessa
investigação? Isso seria a negação da República".
Serraglio
afirmou ainda que Temer lhe pediu para conduzir as negociações para a ocupação
da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que segundo ele continuará
subordinada ao ministério.
O
deputado disse que o primeiro nome a ser procurado para ocupar a vaga será o do
criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, amigo de Temer, que chegou a
ser cotado para comandar o próprio Ministério quando o PMDB chegou ao poder,
mas que foi descartado devido a declarações que deu com críticas à Lava Jato.
"A
partir de agora temos que ver como construir essa possibilidade sem que ele
fique melindrado", diz Serraglio, em referência à decisão de que a
secretaria continue sob o comando do Ministério da Justiça.
RACHA. À reportagem Serraglio disse que
não sabia ainda das críticas contra a sua indicação feitas pelo vice-presidente
da Câmara, Fábio Ramalho, que é do PMDB de Minas. A bancada mineira queria a
vaga.
"Mas
Minas tem a vice-presidência da Câmara e vai ganhar a Comissão de Constituição
e Justiça", disse, referindo-se a acordo para colocar no comando da
principal comissão da Câmara o peemedebista de Minas Rodrigo Pacheco.
"A
minha nomeação é uma valorização da bancada do PMDB, para que a gente procure
amenizar eventuais desconfortos", afirmou.
CUNHA. Serraglio também rebateu
afirmações de colegas de que ele deve favores a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje
preso em Curitiba, por pertencer ao grupo do PMDB que foi comandado pelo
ex-presidente da Câmara.
"Claro
que não vou minimizar a importância política e a liderança que ele exercia na
Casa, mas a Comissão de Constituição e Justiça reconheceu que não agi de forma
parcial", disse o deputado, se referindo à decisão da CCJ, sob seu
comando, de rejeitar pedido de Cunha para anular seu processo de cassação.
Serraglio
comandou a comissão em 2016 após uma articulação política liderada por Cunha.
"Essa
história de que devo favor a Cunha é folclore." Com informações da
Folhapress. Fonte: Notícias ao Minuto.