Através da estrada de terra batida, entre Desterro e Itapetim, adentrei a cidade pelo bairro Santo Antonio, descansando a vista sobre as ruas limpas, calçadas e/ou asfaltadas, farta arborização urbana (castanholas e algarobas), praça central muito larga que se confunde com o adro da igreja de São Pedro, padroeiro do lugar. Só não pude rever a feira livre, que aconte às quintas-feiras, verdadeiro dia de festa em que os sertanejos da Paraíba e de Pernambuco se confraternizam enquanto fazem negócios..jpg)
Fui rever o repentista Pedro Amorim, recolhido ao recôndito do lar, pois a idade se fez acompanhar da doença, maltratando-o com insuportáveis dores ou através da memória muito falha que o fez abandonar a viola amiga, companheira de tantas cantorias pelas terras deste Nordeste. Escutando silenciosamente os seus queixumes, relembrei o seu soneto “LAMENTOS DE UM VELHO” e como está atual apesar de publicado no seu livro Poeta dos Vaqueiros, em 1988:
Desaparecem todos dias bons
Do homem quando está em alta idade
Já cadavérico sem ter liberdade
De fazer parte das reuniões
Dorme no leito das recordações
Somente sonha com a mocidade
Não pensa mais na felicidade
Porque morreram suas ilusões
Sente ficar depauperado o rosto
Com a amargura profunda do desgosto
Fogem da ótica as visões futuras
Seus horizontes vão se opaquecendo
Os desenganos vão lhe aparecendo
E as esperanças vão ficando escuras
Não apenas a doença maltrata esse grande repentista, mas a ausência dos amigos, conforme ele mesmo, que sempre em si encontraram um ombro ou uma mão estendida e disposta ao afago. Chora também relembrando o seu amado Surubim, fazenda de onde tirou meios para educar e formar toda a família.
Reví um repentista sem viola, que tanto orgulho deu aos que fazem a cultura de Itapetim.