A compra
da Refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras não foi um mau negócio,
segundo o ex-diretor da Área Internacional da empresa brasileira, Nestor
Cerveró. Ele explicou que o empreendimento no Texas perdeu valor quando a
estatal redefiniu prioridades e concentrou os investimentos na exploração do
pré-sal.
Durante
uma audiência na Câmara, Cerveró rejeitou enfaticamente o termo “malfadado”,
atribuído ao negócio por vários deputados, que questionaram aspectos do
negócio. “O projeto, em si, não foi malfadado. Foi um bom projeto na época.
Estamos fazendo análise posterior a uma série de eventos que modificam o
cenário”.
Segundo
ele, o projeto tinha rentabilidade “que nunca vamos saber se seria atingida,
porque foi feita por mudança estratégica drástica do conselho de
administração”, e completou: “Não posso condenar”, completou. Segundo ele, a
descoberta do petróleo em camadas mais profundas criou mais demandas para os
investimentos da estatal.
Perguntado
sobre se faria, hoje, um resumo executivo igual ao que apresentou à época,
Cerveró disse que sim, desde que considerando as mesmas condições de mercado.
“Uma coisa é [falar] depois do jogo terminado. Sei que o projeto não teve
condições de ser realizado. Mas até a execução e a aprovação, ele tinha todas
condições econômicas de ser realizado. Se elas se repetissem, faria de novo,
mas dentro dos conhecimentos que eu tinha na época”, disse ele.
Nas
contas apresentadas pelo ex-diretor, a Petrobras investiu US$ 1,23 bilhão no
negócio. Ele disse que os custos de compra foram inferiores à média negociada
em outras refinarias à época. Por isso, descartou que a estatal tenha pago um
valor excessivo pela parte da refinaria norte-americana que pertencia ao
grupo belga Astra Oil, quando as duas empresas se desentenderam.
Segundo
Cerveró, o prejuízo contabilizado no negócio de Pasadena é contábil e que, nos
primeiros meses, a refinaria teve resultados “muito positivos” e que “as
margens de petróleo leve eram altas”, disse.
Sobre
a desvalorização das ações da Petrobras, Cerveró disse que a redução no valor
de mercado ocorre em função dos investimentos exigidos na exploração de
petróleo do pré-sal. “Mas especialistas reconhecem que a Petrobras é um
excelente investimento de médio prazo”, disse, ao lembrar que também é
acionista da empresa.
Emocionado,
o ex-diretor lembrou que trabalhou por 39 anos na empresa e disse que não se
sentiu rebaixado quando foi retirado da área internacional. “Não concordo com
essa questão do rebaixado”, afirmou.
O
termo foi usado na terça-feira pela presidenta da Petrobras, Graça Foster, no
Senado, quando afirmou que a falha no relatório de Cerveró, apresentado em
2006, provocou seu rebaixamento na empresa. Cerveró foi remanejado para a
Diretoria Financeira da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras que atua no
mercado brasileiro de distribuição de combustíveis. Ele ocupou o cargo até o
mês passado, quando foi afastado da estatal.
Fonte: Portal Correio
do Brasil