Por Anahi
Rama
CIDADE DO MÉXICO, 17 Abr (Reuters) - O escritor
colombiano Gabriel García Márquez, criador do realismo mágico latino-americano
com seu emblemático livro "Cem Anos de Solidão", morreu nesta
quinta-feira em sua casa na Cidade do México aos 87 anos.
As causas da morte não estavam imediatamente
claras, mas García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura, esteve internado até a
semana passada em um hospital da capital mexicana por uma infecção pulmonar e
de vias urinárias.
Há uns dias, um jornal mexicano afirmou que o
câncer linfático que ele sofreu anos atrás havia reaparecido e se espalhado
para outras partes do corpo. Contudo, algumas pessoas próximas desmentiram e um
dos médicos que atendia o escritor apenas disse na quarta-feira que o seu
estado era "delicado".
Fernanda Familiar, uma jornalista próxima à família
que ajudava o escritor na sua relação com a imprensa, deu a notícia em sua
conta do Twitter, confirmada mais tarde pelo presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos.
No dia de seu aniversário, em 6 de março, o autor
de "Amor nos Tempos do Cólera" e "Crônica de uma Morte
Anunciada" saiu à porta de sua residência em um luxuoso bairro ao sul da
capital mexicana para agradecer às pessoas que foram cumprimentá-lo, como fazia
todos os anos, mas seus movimentos não tinham muita coordenação.
Essa foi a última vez que foi visto em público.
Nesta quinta-feira, um carro fúnebre deixou sua casa com o corpo do escritor.
García Márquez, que revolucionou as letras
hispânicas dando dimensão universal ao realismo mágico, se somou à lista dos
latino-americanos premiados com o Nobel de Literatura, ao lado dos chilenos
Gabriela Mistral e Pablo Neruda e do guatemalteco Miguel Angel Asturias.
Ele é um dos literatos mais famosos, prolíficos e
queridos da América Latina, que descreveu com uma pluma singular mesclando o
cotidiano com o irreal.
Sua obra mais conhecida, "Cem Anos de
Solidão", publicada em 1967, foi traduzida em dezenas de idiomas e é
estudada em diversas universidades do mundo como um dos pilares do realismo
mágico.
Em toda a América Latina figuras culturais e
políticas lamentaram a perda do símbolo do boom latino-americano do século 20.
A presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota de
pesar pela morte de García Márquez, "dono de um texto encantador".
"Gabo, como era conhecido, conduzia o leitor
pelas suas Macondos imaginárias como quem apresenta um mundo novo a uma
criança. Seus personagens singulares e sua Colômbia e América Latina
exuberantes permanecerão marcados no coração e na memória de seus milhões de
leitores", afirmou Dilma.
Além do presidente colombiano, outros mandatários
também enviaram suas condolências, como Enrique Peña Nieto, do México, Rafael
Correa, do Equador, e Ollanta Humala, do Peru.
Até um dos homens com o qual estava mais distante
por questões pessoais e ideológicas, o escritor peruano Mario Vargas Llosa se
despediu de seu colega.
"Morreu um grande escritor. Suas obras deram
grande difusão e prestígio à literatura. Seus romances sobreviverão e
continuarão ganhando leitores em toda parte", disse o Prêmio Nobel
peruano, que é considerado o último grande escritor deste "boom",
segundo o jornal El Comercio.
A cantora popular colombiana Shakira postou em seu
Twitter uma foto em que aparece abraçando García Márquez.
"Querido Gabo, uma vez disseste que a vida não
é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda... Sua vida, querido Gabo,
será lembrada como um presente único e irrepetível e como o mais original dos
relatos".
Amigo do líder cubano Fidel Castro, o escritor
colombiano nunca escondeu suas ideias de esquerda. "A cultura
latino-americana está de luto, morreu Gabriel García Márquez", diz o
Granma, jornal do governista Partido Comunista de Cuba, em sua página na
Internet.
(Reportagem adicional de Peter Murphy e Luis Jaime Acosta, em Bogotá; de
Estebal Israel, em São Paulo; de Patricia Vélez, em Lima; e de Noé Torres, na
Cidade do México)
Fonte:
Yahoo Notícias