Os
cem anos da morte de Augusto dos Anjos motivam Exposição Esdrúxulo! na Casa das
Rosas, na Avenida Paulista, região central da capital. O poeta nascido na
Paraíba, morreu com apenas 30 anos em Minas Gerais em 1914. O único livro, de
composições de tom pessimista, teve como inspiração a própria vida, como sugere
o título: Eu. "Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira
inseparável!" , diz um dos versos mais famosos do autor.
Por
isso, a vida do poeta é o tema do primeiro dos cinco eixos que formam a
exposição. Uma vida muito curta e sofrida, enfatiza o curador Júlio Mendonça.
Nessa parte, o visitante poderá ver reproduções de documentos que marcam
momentos importantes da trajetória do poeta. A partir daí, a obra do poeta é
apresentada em 23 poemas. “Os mais marcantes, representativos da poesia dele”,
explica o curador.
A
morte é o segundo eixo da exposição. “Agora, sim! Vamos morrer reunidos”,
escreveu o autor no verso inicial de Vozes da Morte. A consciência da finitude
e as referências diretas a morte são constantes na obra do poeta. “Já o verme —
este operário das ruínas —“, diz um verso de Psicologia de um vencido, “há-de
deixar-me apenas os cabelos, na frialdade inorgânica da terra!” fecha o poema
que traz outras característica de sua obra: a escatologia. O tema também
integra uma ala a parte da mostra.
É
explorada ainda a relação da obra do poeta com a ciência. “Vive em contubérnio
com a bactéria, livre das roupas do antropomorfismo”, refletia o autor em o
Deus-Verme. O uso de termos científicos, especialmente da biologia foi outro
traço do escritor. Mendonça explica que nisso o poeta antecipava tendências na
arte. “Uma das coisas que principalmente dos anos 1960 para cá foi se tornando
mais clara é que o poeta antecipou certos elementos da poesia moderna, que os
modernistas iriam criar a partir de 1922”, ressaltou o curador.
Ao
final, um espaço cênico brinca com a popularidade do artista que no início do
século 20, quando ainda estava vivo, era visto como excêntrico. “Muito lido e
apreciado por pessoas do país inteiro. Seu único livro teve muitas edições. E
muita gente se recorda de certos versos dele muito claramente, tem gravado na
memória alguns versos que ficaram muito famosos”, comenta Mendonça.
Fonte:
Portal Correio