247 – Em referência ao ataque à bomba
contra o Instituto Lula, a diretora da entidade Clara Ant faz um alerta.
Segundo ela, estamos vivendo um momento extremamente perigoso: “Para mim, que
fui criada por dois sobreviventes do nazismo e me formei politicamente na
tradição trotskista, o ataque à democracia é indubitavelmente um ataque à
humanidade, à liberdade”.
Leia
a carta aberta de Clara Ant sobre o assunto:
Amig@s,
desde sexta feira (31/8/15) estou tentando encontrar palavras para transmitir meu sentimento com relação ao que está ocorrendo ultimamente no nosso Brasil e particularmente depois que uma bomba foi arremessada ao local do Instituto Lula do qual sou diretora com muito orgulho e onde trabalhei anos a fio antes mesmo de participar do governo federal nos dois mandatos de Lula.
Para
mim, uma bomba atirada contra a sede do Instituto Lula (ou de qualquer outra
instituição) é um ataque à democracia. Para mim, que fui criada por dois
sobreviventes do nazismo e me formei politicamente na tradição trotskista, o
ataque à democracia é indubitavelmente um ataque à humanidade, à liberdade.
Penso
que se o desrespeito às pessoas (autoridades ou não), se o deboche dos seres
humanos, se a zombaria do direito e dos direitos, se linchamentos e estupros,
não despertam em nós preocupação e não nos levam à ação política, talvez
estejamos vivendo um momento extremamente perigoso.
Muitos
apontam nesses atos e atitudes um comportamento fascista. Provavelmente se
trate mais de manifestações de brutalidade e ignorância do que de fascismo
propriamente dito. Mas certamente o alastramento desses comportamentos pode sim
levar ao enaltecimento e à consolidação de um rumo fascista.
Não
faltou na Alemanha quem não se importasse com o ato de empurrar os comunistas
para a ilegalidade em 1933 e com a chamada "solução final" em 1941/42
estruturada para exterminar o povo judeu. Não faltou também, na União Soviética
quem achasse que era normal condenar, prender e inclusive matar, os dissidentes
para supostamente garantir a revolução socialista.
Aos
que nalguns órgãos de imprensa tentaram minimizar o episódio da bomba no
Instituto Lula por se tratar de uma bomba caseira, observo que não faltam
dispositivos caseiros com potencial letal e rememoro a tragédia provocada pelo
“simples” envelope dirigido à OAB que matou a Sra. Lyda em 1980.
Não
paro de pensar, cada vez que revejo as imagens, o que teria sido se alguém
estivesse passando por lá no momento da explosão.
Por fim, reproduzo aqui o relevante alerta de Jânio de Freitas na Folha de hoje (02/8/15): "É bem possível que a bomba de agora seja vista, depois, como um ponto inicial.” E conclui gravemente com a frase: “Nem sugiro de quê”.
Clara
Ant.
Fonte:
Brasil 247.