Possivelmente
fruto de uma noite de amor com a escrava Faustina Jovita, Anacleto Corrêa de
Faria era dono de terras em Minas e no Espírito Santo.
O túmulo mal cuidado próximo ao cruzeiro do
cemitério de Santo Antônio do Manhuaçu, pacato distrito de Caratinga, no Vale
do Rio Doce, a 350 quilômetros de Belo Horizonte, não condiz com a importância
da memória do corpo sepultado nele no início do século passado. Trata-se de
Anacleto Corrêa de Faria, o barão de Itaperuna, título concedido por Dom Pedro
II (1825-1891) poucos meses antes da instauração da República no Brasil, em
1889.
Historiadores investigam uma história curiosa:
Anacleto seria filho bastardo de Dom Pedro I (1798-1834). O título de barão
seria o reconhecimento dele como descendente do monarca, que foi ávido por
aventuras extraconjugais. Pedro I teve pelo menos 19 filhos. Desses, sete foram
gestados por sua primeira esposa, a princesa Leopoldina. Outro, por sua segunda
mulher, Amélia de Leuchtenber.
Anacleto seria fruto de uma noite de Pedro I com a
escrava Faustina Jovita, como acredita o professor universitário e pesquisador
Flávio Mateus dos Santos, autor do livro A República do silêncio. Para evitar
comentários na corte, Faustina teria sido levada para a região onde hoje é a
Zona da Mata mineira, próxima à divisa com o Rio de Janeiro. Lá, ela conheceu e
foi amparada por um rapaz chamado Luciano Corrêa de Faria. Os dois viveram o
resto da vida juntos. Luciano assumiu a paternidade da criança. Tanto que o
casal figura como pais biológicos no documento que assegura o nascimento de
Anacleto no antigo povoado de Mercês do Pomba, atual Mercês, em 13 de julho de
1819. A criança nasceu numa família humilde e, por anos, viveu longe da
fortuna. Fonte: Café História.