O Serviço Geológico Brasileiro alertou 15 cidades
nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo para o risco de enchente devido
à onda de cheia vinda do rompimento das barragens em Mariana (a 115 km de
Belo Horizonte). A previsão é de que o volume de lama e rejeitos despejado
pelas barragens de Fundão e Santarém cheguem na segunda-feira (9) em Linhares,
no Espírito Santo.
Segundo a empresa responsável pelas barragens, a
mineradora Samarco, cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram
liberados com o rompimento das barragens, o suficiente para encher 24.800
piscinas olímpicas.
A lama que cobriu o vilarejo já passou pelos rios
Gualaxo do Norte e do Carmo e desaguaram no rio Doce. O alerta foi disparado
para as cidades de Ponte Nova, Nova Era, Antônio Dias, Coronel Fabriciano,
Timóteo, Ipatinga, Governador Valadares, Tumiritinga, Resplendor, Galileia,
Conselheiro Pena e Aimorés, em Minas Gerais, e Baixo Guandu, Colatina e Linhares
no Estado do Espírito Santo.
Os informes são atualizados e podem ser acessados
no site do órgão. A intenção é que eles sirvam de parâmetro para as defesas
civis municipais balizarem as medidas que deverão ser tomadas. O risco de
enchentes em cidades cortadas pelo rio, no entanto, somente será avaliado na
manhã deste sábado (7) pelo serviço. De acordo com o engenheiro hidrólogo Artur
Matos, a onda de lama deve chegar ao Espírito Santo na tarde da próxima
segunda-feira (9), em Colatina.
A Prefeitura de Governador Valadares emitiu uma
nota na qual prevê que a lama passe pelo rio Doce, na extensão que abrange a
cidade, na madrugada de domingo (9). O informe não traz alerta para o risco de
uma enchente. "A Defesa Civil esclarece que, de acordo com os dados
obtidos, o que vai chegar em Governador Valadares é a lama na água do rio Doce,
o que não significa que haverá inundação, ou seja, o rio Doce permanecerá no
leito". A prefeitura condicionou o fornecimento de água à população ao
monitoramento e análise da água quando a lama atingir a região. O Serviço
Autônomo de Água e Esgoto da cidade irá monitorar a qualidade da água do rio.
A administração de Governador Valadares adiantou
que a empresa responsável pelo abastecimento de água da cidade entrou em
contato com outras cidades e disse ter recebido a informação de que o
tratamento adotado por elas tem sido suficiente para manter o abastecimento
ativo, sem necessidade de interrupção.
Já a Prefeitura de Linhares, no Estado do Espírito
Santo, declarou por meio de nota que a onda deverá passar pela cidade, na calha
do rio, entre a noite de segunda-feira (9) e a madrugada de terça-feira (10).
Não há menção à possibilidade de enchente. O boletim descarta ainda a previsão
de contaminação da água ofertada para os moradores em razão de a captação ser
feita no rio Pequeno. A prefeitura informou ainda que fez uma barragem nesse
rio, em outubro deste ano, que servirá agora como uma barreira para evitar o
contato da água do rio Doce com a do rio Pequeno.
Mais cedo, a ANA (Agência Nacional de Águas)
informou que está fazendo avaliação do impacto ambiental para ver como e quanto
as populações das cidades próximas onde houve o rompimento da barragem serão
afetadas. A ANA fará ainda um plano de avaliação e trabalho para tentar encontrar
uma forma de diminuir o impacto.
Cerca
de 500 pessoas foram resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. Eles abandonaram as casas e
fugiram para partes altas do distrito, mas afirmaram que nenhum sinal de alerta
foi emitido. A Samarco admitiu que avisou moradores somente por
telefone.
As barragens se romperam por volta das 15h30. A do
Fundão, que é maior, sofreu a ruptura primeiro. O subdistrito de
Bento Rodrigues, situado a 35 km do centro da cidade história de Mariana, foi
tomado pela lama resultante do rejeito da produção de minério de ferro. A
avalanche destruiu a maioria dos imóveis. De acordo com a Samarco, o
rejeito é composto, em sua maior parte, por areia e não apresenta nenhum
elemento químico danoso à saúde. Fonte: UOL notícias.
