O Papa
Francisco denunciou nesta sexta-feira (27) em Kangemi, um dos bairros mais
pobres de Nairóbi, a "atroz injustiça" vivida pelos habitantes das
"periferias contaminadas" e "abandonadas" por minorias que
"concentram poder e riqueza".
"Como não denunciar as injustiças que sofrem?
A atroz injustiça da marginalização urbana. São as feridas provocadas por
minorias que concentram o poder, a riqueza e esbanjam com egoísmo, enquanto
crescentes maiorias devem refugiar-se em periferias abandonadas, contaminadas,
descartadas", disse Francisco.
O Papa discursou na igreja de São José
Operário, administrada por jesuítas, neste grande bairro de mais de 100.000
habitantes.
O discurso, dedicado à urbanização, foi o mais
crítico de sua viagem ao continente africano e complementou o pronunciado na
véspera a favor do meio ambiente e da distribuição justa de recursos ante as
agências da ONU em Nairóbi.
Diante dos fiéis de Kangemi, Francisco denunciou
"novas formas de colonialismo" que relegam os países africanos a ser
"peças de um mecanismo e de uma engrenagem gigantesca", que os
submetem a pressões "para que adotem políticas de descarte, como a da
redução da natalidade".
O pontífice criticou "a falta de acesso às
infraestruturas e serviços básicos: banheiros, redes de esgoto, bueiros, coleta
de lixo, luz, estradas, mas também escolas, hospitais, centros recreativos e
esportivos, unidades artísticas".
"Negar água a uma família, sob qualquer
pretexto burocrático, é uma grande injustiça, sobretudo quando se lucra com
esta necessidade", lamentou.
Também condenou a "injusta distribuição do
solo (...) que leva em muitos casos famílias inteiras a pagar aluguéis abusivos
por residências em condições nada adequadas" e o "monopólio de terras
por parte de 'promotores privados' sem rosto, que até pretendem apropriar-se do
pátio das escolas de seus filhos". Fonte: Portal g1.