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- O comandante
do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, afirma que há sim uma
crise ética no país, mas que a chegada do PT ao poder não tem responsabilidade
nisso. Para ele, a corrupção está instalada no Brasil, mas todas as
instituições estão em pleno funcionamento, razão pela qual não há chance de
intervenção dos militares.
“O
Brasil é um país com instituições sólidas e amadurecidas, que estão cumprindo
seus papéis. O Brasil é um país sofisticado, com sistema de pesos e
contrapesos, ou seja, não há necessidade de a sociedade ser tutelada. Nosso
papel é essencialmente institucional, legal e focado na manutenção da
estabilidade para permitir que as instituições cumpram suas funções”, disse
Villas Bôas ao Estado.
As
declarações do comandante supremo do Exercito sucedem a demissão do comandante
militar do Sul, general quatro estrelas Antonio Hamilton Martins Mourão,
transferido para a Secretaria de Economia e Finanças em Brasília, por incitação
ao golpe contra o governo \Dilma Rousseff. Para Mourão, o Brasil carecia de um
“despertar de uma luta patriótica”. Disse ainda que “a vantagem da mudança (da
presidente da República) seria o descarte da incompetência, má gestão e
corrupção”.
Villas
Boas puniu o subordinado não por falar, segundo ele militar tem sim de falar,
mas por imiscuir-se em tema institucional restrito do comandante geral. Um ato
de insubordinação, portanto.
Villas
Boas vai além e defende com propriedade as instituições democráticas: “Trata-se
de um oficial reconhecido na Força, que tem todo o respeito do comandante. Mas
esta questão não pode ser abordada de maneira simplista. Em momento conturbado,
não é desejável nada que produza instabilidade ou insegurança. A nossa
preocupação é de cooperar para a manutenção da estabilidade para que as
instituições possam cumprir seus papéis e caminhar em direção à solução da crise
em nome da sociedade. Foi isso que nos moveu, para que nenhum movimento venha
gerar insegurança ou instabilidade.”
Na
opinião do general, a crise ética da sociedade brasileira é um processo que não
se instaura de um momento para o outro e que já vem de algum tempo. “Nem mesmo
a autoridade da professora na sala de aula está sendo mais reconhecida. A
questão ética se agravou, mas paralelamente as instituições têm cumprido com
muito mais eficiência e visibilidade os seus papéis”, avalia.
Ele
concorda que a corrupção está instalada no Brasil: “Mas eu diria que este é um
estado de coisas que nós vivemos. Durante a Operação Pipa, no Nordeste, 60% dos
6.800 caminhoneiros que trabalham na distribuição de água tentaram algum tipo
de fraude. Não se trata de estigmatizar o caminhoneiros. Não é isso. Os
caminhoneiros fazem parte da sociedade brasileira.”
Mas
compreende que esse não é um problema das Forças Armadas, mas do Supremo
Tribunal Federal, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União, da
Polícia Federal. “Todas as instituições do Executivo, Legislativo e Judiciário
estão funcionando. A gente sente que há uma incerteza. São tantos atores, as
variáveis que se movimentam que é difícil dizer qual será o desfecho disso. Mas
eu acredito que o desfecho vai ser institucional. Esta situação vai se
solucionar sem quebra da normalidade institucional do País.”
Villas
Bôas se queixa do corte do orçamento para o Exército, que deixa a corporação
sem condições de fazer o trabalho de distribuição de água no Nordeste, a vigilância
das fronteiras comprometida e a tecnologia dos equipamentos obsoleta. E se
disse preocupado com a declaração do presidente da CUT ao convocar a população
a pegar em armas e ocupar trincheiras para defender o mandato da presidente:
“Este tipo de manifestação nos preocupa porque se trata de incitamento à
violência. Ela não contribui para a estabilidade do País e a normalidade do
funcionamento das instituições. Mas é algo que diz respeito à segurança publica
diretamente. Então nos preocupa mas, de maneira nenhuma, vai provocar nossa
atuação.” Fonte: Brasil 247.
